São Paulo, segunda-feira, 09 de março de 2009

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Doze mil soldados dos EUA sairão até setembro do Iraque

Retirada de duas brigadas nos próximos seis meses é primeira ação prática para cumprir promessa de deixar país até 2011

Pouco antes do anúncio, Bagdá foi alvo do atentado suicida mais mortífero dos últimos meses, que matou pelo menos 28 pessoas


Bassim Shati/Reuters
Iraquianos carregam caixão de uma das vítimas do atentado suicida ocorrido ontem, em Bagdá

DA REDAÇÃO

No mesmo dia em que um atentado em Bagdá deixou ao menos 28 mortos, o Exército dos EUA anunciou ontem a saída de 12 mil dos 142 mil soldados que mantém no Iraque -a primeira iniciativa prática, sob o governo de Barack Obama, do plano de retirada das tropas.
A promessa de Obama é tirar do Iraque pelo menos 90 mil soldados até 31 de agosto de 2010 e aumentar a presença americana no Afeganistão.
Em comunicado, as Forças Armadas dos EUA anunciaram que duas brigadas de combate, totalizando 12 mil homens, deixarão o país até setembro. "O momento e as condições são propícios para as forças de coalizão reduzirem o número de tropas no país", disse o general Ray Odierno, referindo-se à gradativa e lenta diminuição da violência sectária no Iraque -onde ao menos 91 mil locais e 4.500 soldados dos EUA foram mortos em seis anos.
Outros 4.000 soldados do Reino Unido -principal aliado americano na invasão do Iraque em 2003- também serão dispensados em breve.
Depois da prometida saída das tropas, em 2010, ainda ficarão no Iraque até o final de 2011 -prazo final estabelecido em acordo com o Iraque ainda sob George W. Bush- entre 35 mil e 50 mil militares americanos em missões de apoio às forças iraquianas e contraterrorismo .
Já o Afeganistão -onde as condições de segurança vêm piorando- receberá o reforço de 17 mil soldados, o que aumentará o contingente americano no país para 55 mil.

Atentado
Pouco antes do anúncio do Exército americano, um homem-bomba provocou uma explosão perto da principal academia de polícia de Bagdá, matando ao menos 28 pessoas -cinco policiais- e ferindo 57, algumas delas com gravidade.
Foi o mais mortífero atentado na capital neste ano. Até o fechamento desta edição, ninguém havia assumido a autoria do ataque, mas homens-bomba são comumente usados por extremistas sunitas com elos com a Al Qaeda.
Apesar da redução da violência no país, as forças iraquianas têm virado alvo de extremistas à medida que -com os EUA ensaiando sua saída de cena- elas ganham mais controle sobre a segurança do país.
A academia policial já foi alvo de diversos ataques, o mais recente em dezembro passado, quando 33 pessoas morreram.
O major-general David Perkins, porta-voz do Exército, relativizou o impacto do atentado de ontem, dizendo que a Al Qaeda, suposta autora, teve sua "capacidade [de ação] reduzida e está tentando desesperadamente manter sua relevância no Iraque". Ele defendeu que as condições de segurança no país "melhoraram imensamente" e que a violência local chegou ao menor nível desde a invasão.
As recentes eleições regionais transcorreram sem incidentes graves, e o pleito parlamentar, no final do ano, deve ser um novo teste para a estabilidade no país.
O secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, havia sugerido que os EUA devem estar preparados para manter uma "modesta" presença militar no Iraque após 2011, caso as forças iraquianas julguem necessário.
Mas ontem, o porta-voz do governo iraquiano, Ali al Dabbagh, descartou a ideia: "Não pretendemos aceitar de tropas estrangeiras depois de 2011".


Com agências internacionais


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