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Comparecimento às urnas no Iraque cai
Participação em eleição legislativa de anteontem foi de 62%, abaixo dos 76% registrados na votação parlamentar de 2005
Número, no entanto, é considerado positivo ante ameaças e ataques da Al Qaeda; EUA dizem que plano de saída está mantido
Karim Kadim/Associated Press
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Funcionárias eleitorais contemplam urnas; primeiros resultados das eleições iraquianas só devem ser divulgados na quinta-feira
SAMY ADGHIRNI
ENVIADO ESPECIAL A BAGDÁ
O comparecimento às urnas
na eleição parlamentar iraquiana do último domingo, marcada por atentados que deixaram
ao menos 38 mortos, foi de
62%, segundo anunciaram ontem autoridades de Bagdá.
A participação foi maior que
a das eleições locais do ano passado (51%) mas ficou abaixo
dos 76% registrados no pleito
legislativo anterior, em 2005,
quando o aparato de segurança
ainda estava sob controle das
forças americanas no país.
Cerca de 20 milhões de iraquianos estavam registrados
para votar em mais de 6.000
candidatos em disputa pelas
325 cadeiras no Parlamento.
Está prevista para quinta-feira a divulgação dos primeiros
resultados do pleito, tido como
decisivo para o processo de reconciliação nacional em andamento no Iraque e para o futuro geopolítico da região.
Não está claro se o vencedor
da eleição terá margem suficiente para compor um governo sem recorrer a aliados, o que
pode fazer que a nomeação do
próximo premiê leve meses.
O governo iraquiano disse
que a participação superou as
expectativas, já que o grupo autodenominado Estado Islâmico da Al Qaeda no Iraque vinha
prometendo há semanas transformar o pleito num banho de
sangue.
A promessa da Al Qaeda foi
colocada em prática minutos
antes da abertura das urnas,
com fortes explosões que ecoaram por Bagdá. Os centros de
votação registraram mesmo assim um movimento significativo ao longo do dia.
As ameaças inclusive reforçaram o nacionalismo de muitos iraquianos, que foram às urnas carregando bandeiras do
país. Era comum ver crianças,
inclusive bebês, acompanhando os pais para votar.
Defensores do governo ressaltam que os ataques mais letais de anteontem não visaram
alvos diretamente ligados ao
pleito, num possível sinal de
que os insurgentes falharam
em furar o megaesquema de segurança montado pelo governo
para a eleição.
EUA
O principal comandante dos
EUA no Iraque, general Ray
Odierno, disse ontem que a
eleição foi um marco na consolidação das forças de segurança
iraquianas, suficiente para descartar mudanças nos planos de
encerrar a retirada americana
do país, em 2011.
Odierno confirmou que o número de soldados americanos
no país baixará de atuais 96 mil
para 50 mil em setembro,
quando só restarão militares
responsáveis por ações logísticas e pelo treinamento dos colegas iraquianos.
"A não ser que aconteça algo
catastrófico, não vemos razão
para mudar. Acreditamos que
estamos no caminho certo."
Questionado num programa
de TV americano se considerava um sucesso a invasão do Iraque e derrubada de Saddam
Hussein em 2003, Odierno disse que levará "três, cinco ou até
dez anos" até que surja a resposta à pergunta.
Os EUA lideraram uma ofensiva internacional contra o Iraque sob o pretexto, que se revelou falso, de que Saddam fabricava armas de destruição em
massa destinadas a ser usadas
em ataques contra o Ocidente.
A invasão abriu um período
de violência no Iraque que matou cerca de 100 mil civis iraquianos e 4.700 soldados americanos. A situação de segurança melhorou a partir de 2007,
impulsionada por uma campanha de reconciliação orquestrada pelo premiê Nuri al Maliki, um xiita apontado como forte candidato à reeleição.
Notícias veiculadas pela imprensa iraquiana de que o candidato Iyad Allawi, um xiita
aliado dos sunitas, está em segundo na contagem causaram,
porém, alegria ontem em Samarra, reduto sunita.
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