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Israel inicia novas construções na Cisjordânia
País nega que decisão de erguer 112 apartamentos em assentamento judaico seja violação de congelamento anunciado em novembro
Anúncio, feito no dia da visita de vice de Obama, põe em risco negociações de paz sob mediação dos EUA, que acabam de ser retomadas
MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
O governo de Israel aprovou
a construção de 112 apartamentos em um assentamento judaico em território palestino ocupado, aumentando o ceticismo
geral sobre a retomada das negociações de paz.
A decisão foi revelada ontem,
dia em que o vice-presidente
dos EUA, Joe Biden, desembarcou em Israel, e um dia depois
de os palestinos, relutantemente, aceitarem voltar à mesa
de negociações.
O assentamento de Betar Ilit,
onde serão construídos os novos apartamentos, fica a 10 km
de Jerusalém, poucos metros
além da fronteira de Israel com
a Cisjordânia, território que os
palestinos reivindicam para o
seu futuro Estado.
Em novembro, sob pressão
americana, o governo israelense concordou em congelar por
dez meses a construção na Cisjordânia, deixando claro que
Jerusalém Oriental, também
considerado território ocupado, não estava no plano.
Ontem o ministro do Meio
Ambiente de Israel, Gilad Erden, confirmou os novos apartamentos em Betar Ilit, mas negou que eles representem uma
violação do compromisso assumido em novembro.
"O governo decidiu congelar
a construção, mas essa decisão
previa exceções em caso de
problemas de segurança em infraestruturas iniciadas antes
do congelamento. Esse é o caso
de Betar Illit", explicou Erdan.
A explicação não convenceu
os palestinos, que resistiram
durante meses a retomar o diálogo, exigindo que antes Israel
suspendesse totalmente as
construções na Cisjordânia.
No domingo, após pressão
americana e o aval da Liga Árabe, a Autoridade Nacional Palestina (ANP) finalmente aceitou manter negociações indiretas, por intermédio dos EUA.
Antecipando o "sim" palestino, o mediador americano
George Mitchell desembarcara
na véspera em Israel para reiniciar as chamadas "conversas de
aproximação". Ontem ele esteve com o premiê israelense,
Binyamin Netanyahu, e com o
presidente palestino, Mahmoud Abbas.
Mas a mediação americana,
que tenta pôr fim à paralisia de
mais de um ano nas negociações, começa cercada de desconfiança. Para o principal negociador palestino, Saeb Erekat, se Israel pretende "sabotar" o esforços de Mitchell, talvez seja melhor repensar a decisão de voltar ao diálogo.
Além de enfurecer a liderança palestina, a decisão israelense cria mal-estar com o governo
de Barack Obama, que tenta desemperrar o processo de paz
após um primeiro ano de esforços frustrados.
Biden é a mais graduada personalidade de uma série de altos funcionários americanos
que estiveram em Israel nos últimos dois meses para discutir
a instabilidade regional, entre
eles Leon Panetta, chefe da
CIA, e Michael Mullen, comandante do Exército.
Analistas israelenses observaram que a questão palestina
esteve em segundo lugar na
agenda dos enviados de Obama,
abaixo do Irã. O principal objetivo dos EUA seria evitar um
ataque israelense às instalações nucleares iranianas, no
momento em que a Casa Branca tenta formar uma aliança para apertar as sanções diplomáticas e econômicas a Teerã.
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