São Paulo, Terça-feira, 09 de Março de 1999
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AMÉRICA CENTRAL
Presidente dos EUA inicia viagem à região afetada pelo furacão Mitch; país quer deportar 15 mil imigrantes
Clinton fala em ajuda e devolve ilegais

MARCELO DIEGO
de Nova York

O presidente dos EUA, Bill Clinton, iniciou ontem uma visita a quatro países da América Central devastados pelo furacão Mitch no ano passado. Clinton viajou sem dinheiro (o pacote de ajuda ainda não foi aprovado pelo Congresso), mas com uma delicada questão política: o governo dos EUA liberou a deportação de cerca de 15 mil centro-americanos ilegais no país.
A deportação deveria ter ocorrido antes, mas foi adiada por causa do furacão, que passou pela América Central em outubro e novembro do ano passado, deixando cerca de 10,5 mil mortos, milhares de desabrigados e causando prejuízos de US$ 10 bilhões.
Agora, os EUA acreditam que é o momento de mandar os centro-americanos de volta para casa. Os governos locais não querem.
"O retorno deles vai nos causar problemas trágicos de estabilidade", disse o presidente salvadorenho, Armando Calderón Sol.
Clinton iniciou a viagem pela Nicarágua ontem. Ele foi recebido pelo presidente Arnoldo Alemán e visitou a Província de Posoltega, onde desabrigados ainda vivem em barracas. Alemán disse que os EUA querem que os nicaraguenses voltem para casa, mas que eles não encontrarão mais casas no país.
Um porta-voz da Presidência disse que Clinton acredita que a região pode "receber seus cidadãos", embora as deportações não devam ocorrer de imediato.
A maioria dos futuros deportados é constituída por guatemaltecos e salvadorenhos. Além da Nicarágua, Clinton vai visitar El Salvador, Guatemala e Honduras.
O presidente dos EUA já destinou US$ 305 milhões aos países vítimas do furacão, mas espera a liberação de mais US$ 956 milhões.
Na Nicarágua, Clinton anunciou que vai destinar US$ 10,6 milhões para a Agência Internacional de Desenvolvimento, que lida com as consequências do Mitch.
Ele também vai adicionar 80 pessoas aos 450 membros do Corpo da Paz (que desenvolve projetos de agricultura, saúde e recuperação da bacia hidrográfica da região) e desembolsará US$ 12,5 milhões em projetos educacionais, além de US$ 1,8 milhão para a erradicação de minas terrestres.
Clinton viaja sem a companhia da mulher, Hillary. Alegando problemas num músculo das costas, a primeira-dama preferiu ficar nos EUA. Ela viajou para Utah, para se encontrar com a filha, Chelsea.


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