São Paulo, sexta-feira, 09 de abril de 2004

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UNIÃO ESTRATÉGICA

Aliança entre inimigos históricos se dá "nos níveis mais baixos", diz Ricardo Sanchez

Xiitas e sunitas estão juntos, admite general americano

DA REDAÇÃO

O principal comandante militar americano no Iraque, general Ricardo Sanchez, disse ontem que há indícios de ligações "nos níveis mais baixos" entre insurgentes xiitas e sunitas.
Foi a primeira vez que um personagem tão graduado admitiu que a resistência à ocupação possa estar gerando alguma forma de coalizão muçulmana.
Essa possibilidade tem sido levantada apenas entre especialistas e pesquisadores acadêmicos.
Um exemplo é Nadim Shehadi, do Instituto Real de Assuntos Internacionais e da Universidade de Oxford. Ele disse à France Presse que, quando se quer ocupar um país, pode-se fazê-lo de duas formas -"dividindo-o para impor sua vontade, ou atacando a todos ao mesmo tempo, o que unifica os adversários".
O mau exemplo dos britânicos na Índia é agora seguido pelos norte-americanos no Iraque, diz o pesquisador britânico. A população passa a se unir em torno de uma causa comum que ela até então desconhecia.
A seu ver, os grupos religiosos também buscam uma posição de força para o momento da passagem do poder a alguma forma de autoridade local.
Todos querem se fortalecer para ter mais espaço nesse novo quadro político. Os americanos, ao atacarem Moqtada al Sadr, líder radical xiita, "prestam-lhe indiretamente um grande favor, porque dão a ele uma importância que ele não tem".
Paul Beaver, especialista britânico em questões estratégicas, afirma não haver uma aliança sólida e durável entre xiitas e sunitas. É, a seu ver, "uma aliança muito efêmera", por mais que muçulmanos de todas as origens tenham deixado de lado antigos ressentimentos para atacar um inimigo comum.
É o que já ocorrera durante as Cruzadas, afirma ele.


Com agências internacionais


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