LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil vai enviar ao Haiti seu maior contingente militar de paz da história. Segundo o ministro José Viegas (Defesa), o Brasil irá liderar uma força internacional naquele país, com 1.470 homens da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. A força de paz deverá ser composta principalmente por tropas sul-americanas.
O ex-presidente Jean-Bertrand Aristide deixou o Haiti em 28 de fevereiro, quando se tornou insustentável a crise política do país. O seu partido foi acusado de ter fraudado as eleições legislativas de 2000.
Manifestações contra a corrupção e contra a má administração de Aristide tomaram conta do Haiti e chegaram ao seu ápice no começo do ano. Os confrontos causaram mais de 80 mortes. O Haiti tem 7,5 milhões de habitantes e é o país mais pobre das Américas.
A última grande missão do Brasil, segundo histórico do Ministério da Defesa, foi o envio de pessoal para Angola. Depois da assinatura de um acordo de paz entre o governo angolano e os rebeldes da Unita, foi implementada a Missão de Verificação das Nações Unidas para Angola. De agosto de 1995 a julho de 1997, o Brasil contribuiu com 800 homens de infantaria, 200 de engenharia, 40 médicos e assistentes e 40 oficiais do Estado-Maior.
A próxima missão brasileira acontece depois de um pedido do Estados Unidos, da França e da União Européia. Países como o Chile, a Argentina e o Peru estão dispostos a enviar tropas devido à liderança brasileira. "Enviarão as tropas não desde que o Brasil lidere, mas sabendo que ele irá liderar", disse Viegas.
Os brasileiros devem ficar no país por seis meses, mas o prazo pode ser renovado. Os custos da missão, ainda não fechados, são adiantados pelo governo, que, depois, será reembolsado pela ONU (Organização das Nações Unidas). Eles devem partir em julho.
"É uma operação que valoriza o Brasil como membro do Conselho de Segurança da ONU e como candidato a membro permanente do Conselho de Segurança. Mostra nossa capacidade de dar contribuições concretas para a paz e a segurança internacional", afirmou Veigas.
A ONU é composta por 191 países, e o Conselho de Segurança tem o princípio de manter a paz e a segurança mundial. O conselho é formado por 15 membros, dos quais cinco são permanentes, com direito a veto sobre as deliberações: Estados Unidos, Reino Unido, Rússia, França e China. O Brasil foi reeleito no ano passado e pleiteia uma cadeira definitiva.
"Isso é uma demonstração concreta de que o país quer participar da manutenção e da ordem internacional. Existe uma demanda pela participação brasileira. Uma demanda internacional. O soldado brasileiro tem uma facilidade de diálogo e de relacionamento com os locais dos países onde vamos, e nós somos muito bem recebidos pela população. Sobretudo, por sermos um país multiétinico, nós não inspiramos rejeição", disse Viegas.



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