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A MORTE DO PAPA
Em funeral histórico, gritos da multidão embalam o último adeus a João Paulo 2º
"Santo santo santo"
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A ROMA
Está fechada a janela do aposento do papa no terceiro andar do Palácio Apostólico, a
única com as venezianas cerradas entre as que dão para a
praça São Pedro.
Joseph Ratzinger, o decano
do Colégio dos Cardeais, avisa
à massa que acompanha a missa penitencial pela alma de
João Paulo 2º que "nosso amado papa está à janela do Pai;
nos vê e nos bendiz". A multidão aplaude com força. Surge
um grito que vai subindo de
tom: "Santo, santo, santo".
São 11h02 (6h02 em Brasília)
de uma sexta-feira de vento
muito frio. Ao amanhecer, o
grito de "santo" já estava na
praça, silenciosamente exposto em duas faixas estendidas
pela jovem militância católica.
Depois, uma terceira faixa
dava urgência ao grito, pedindo "Santo Subito" (santo já),
com ponto de exclamação no
fim para não restar dúvida.
O grito se espalha por Roma,
pela Itália toda. A cena é exibida nos telões colocados em
igrejas, no aeroporto, no Coliseu, no acampamento improvisado de Tor Vergata, nas históricas praças do Duomo (de
Milão e de Firenze), do Plebiscito (Nápoles), Maggiore (Bolonha), San Lorenzo (Gênova).
O alemão Ratzinger, os cabelos brancos revirados pelo
vento incessante, retoma a homilia para recomendar a alma
do papa "à Mãe de Deus, a tua
Mãe"", o que faz com que voltem os aplausos, na 11ª das 13
vezes em que o sermão foi interrompido pelas palmas.
A missa termina às 12h11. O
caixão baixa à singela tumba
-terra nua-, às 14h20.
O corpo de João Paulo 2º, o
polonês que durante mais de
26 anos vislumbrou a praça
através da janela aberta do Palácio Apostólico, baixa à cripta
da basílica de São Pedro, a passos de onde, reza a tradição, jazem os restos mortais do primeiro papa católico.
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