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Após 29 prisões, Colômbia debate se dissolve Congresso
No total, 51 parlamentares são investigados por supostos vínculos com paramilitares
Antecipação de eleições, marcadas para 2010, divide opiniões; apesar de maioria de acusados ser governista, escândalo não abala Uribe
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
A mais recente onda de parlamentares presos por vinculação aos paramilitares reacendeu na Colômbia um acirrado
debate político sobre a necessidade de dissolver o atual Congresso e antecipar as eleições.
Os números do chamado escândalo da parapolítica impressionam e não param de
crescer. O senador governista
Humberto Builes tornou-se
ontem o quinto congressista
preso nos últimos dias -e o 29º
no total- por suposta vinculação com grupos paramilitares.
Ao todo, as investigações em
torno do maior escândalo da
história do Parlamento colombiano envolvem 51 parlamentares, o equivalente a 20% de
todos os parlamentares. Desses, 5 já foram condenados.
Quase todos pertencem à base de apoio do presidente Álvaro Uribe, mas a sua imagem até
agora não foi arranhada. Sua
popularidade ultrapassa os
80%, segundo as últimas pesquisas, principalmente por sua
política de segurança.
A antecipação das eleições
tem provocado divergências
tanto no governo quanto na
oposição. Ontem, por exemplo,
a bancada do esquerdista Pólo
Democrático Alternativo decidiu não apoiar a antecipação
das eleições, contrariando a
opinião de seu principal líder, o
senador Gustavo Petro.
"Existe um grave problema
de legitimidade no Congresso,
e é preciso, portanto, fazer uma
reforma política estrutural que
tire os pilares que permitiram
ao paramilitarismo tomar a política. E também é preciso antecipar todas as eleições", disse
Petro à Folha por telefone.
Segundo o líder oposicionista, a reforma teria de resolver,
entre outros problemas o
clientelismo político por meio
da compra de votos e a infiltração do narcotráfico na política.
"Discussão demagógica"
Do lado governista, também
há divergências. Um dos que se
opõem à dissolução do Congresso é Luis Guillermo Giraldo, secretário-geral do Partido
Social da Unidade Nacional,
que teve dois de seus senadores
presos (ambos expulsos) e tem
outros dois sob investigação.
"É uma discussão demagógica. Os procedimentos institucionais levam pelo menos um
ano. Então, estaríamos em
2009 votando por um novo
Congresso, quando, em março
de 2010 se elege um novo Congresso", disse. "Seria uma saída
extra-institucional, à qual o
país não pode recorrer."
Giraldo também diz se opor a
uma profunda reforma política.
"Os instrumentos principais
são os legais. O que ocorre é
que, infelizmente, temos um
agente ilegal que se chama narcotráfico, com uma capacidade
imensa de corrupção."
Para o analista Jaime Zuluaga,da Universidade Nacional da
Colômbia, a legitimidade do
Congresso está "seriamente
afetada", mas a medida mais
importante seria uma punição
severa aos envolvidos.
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