|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Moldova acusa a Romênia de estar por trás de crise política pós-pleito
UE e EUA não endossam acusações de fraude em vitória do governo pró-Rússia
DA REDAÇÃO
O presidente da Moldova,
Vladimir Voronin, acusou ontem a vizinha Romênia de estar
por trás dos violentos protestos
que eclodiram na véspera no
país, deixando um morto e centenas de feridos. O conflito fez
aflorarem tensões que opõem
setores pró-Rússia e pró-União
Europeia e ameaçam transcender as fronteiras moldávias.
O estopim da crise política foi
a vitória do Partido Comunista,
de Voronin, nas eleições parlamentares no último domingo.
Os oposicionistas contestaram
a lisura do pleito. Mas a UE e
observadores internacionais a
endossaram. Os EUA abstiveram-se de apoiar as acusações
opositoras e pediram calma.
Ontem, a Comissão Eleitoral
confirmou a vitória governista,
com 60 dos 101 assentos. O resultado impede por uma cadeira a formação de uma coalizão
exclusivamente comunista. A
comissão rejeitou nova eleição
e recontagem de votos, mas
permitirá o acesso dos partidos
de oposição às listas de votação.
Nos protestos de anteontem,
alguns dos 10 mil manifestantes portavam bandeiras da UE e
da Romênia, membro do bloco.
No auge das tensões, 2.000 deles invadiram a sede do governo e o Parlamento. Os prédios
foram retomados pela polícia,
que prendeu 193 opositores.
"Quando a bandeira da Romênia foi levantada, a tentativa
da oposição de promover um
golpe de Estado ficou clara",
disse o pró-Moscou Voronin,
67, que encerra neste ano o seu
segundo mandato e não pode
ser conduzido pelo Parlamento
a um terceiro. A Chancelaria
russa endossou as acusações.
O governo romeno rejeitou
veementemente as alegações.
Em nota, a Chancelaria disse
ser inaceitável que "o poder comunista de Kichinev [capital
moldávia] transfira responsabilidade pelos problemas domésticos da Moldova".
A Moldova, país mais pobre
da Europa, fez parte da Romênia até 1940, quando foi anexada pela União Soviética. Dois
terços da população moldávia
são de origem romena -o outro terço tem ascendência russa ou ucraniana-, e o idioma do
país é similar ao do vizinho.
Os protestos pela vitória comunista revelam ainda o corte
de geração que divide o país. De
um lado, a população rural e os
mais velhos, que apoiam o governo pró-Moscou. De outro,
os jovens que lideraram as
ações de anteontem, mobilizando redes no site de microblog Twitter, são pró-Ocidente.
Os opositores moldávios reivindicam também filiação à onda de "revoluções coloridas",
como as da Geórgia (2003) e da
Ucrânia (2004), que depuseram governos alinhados a Moscou com mobilizações apoiadas
pelo Ocidente -EUA à frente.
Mas as reações contidas da
UE e do governo Barack Obama
indicam uma situação diversa.
Tanto um como o outro buscam restabelecer as estremecidas relações com a Rússia, que
vê na Moldova um país na sua
esfera tradicional de influência.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Protestos sem fim: Tailandeses pedem a saída de premiê Próximo Texto: Maioridade penal: Reino Unido julga meninos por tortura Índice
|