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Presidente deposto do Quirguistão diz que não renunciará
Membro do governo interino afirma que "a Rússia cumpriu o seu papel" na destituição de Bakiev em meio a confrontos
Presidente admite, porém, não deter mais poder; líder opositora diz que "negócio" do político rival chegou ao final e dissolve Parlamento
DA REDAÇÃO
Nas primeiras declarações
desde o levante opositor que o
obrigou a abandonar a sede do
governo, o presidente do Quirguistão, Kurmanbek Bakiev, se
negou ontem a admitir a derrota para os rivais e afirmou que
não vai renunciar ao cargo. Bakiev reconheceu, porém, a uma
rádio russa que não tem o controle sobre ações do governo.
Anteontem, ele fora destituído em meio a violentos protestos na capital da ex-república
soviética da Ásia central, Bishkek, que resultaram em ao menos 75 mortos -segundo cifras
oficiais revistas- e 400 feridos.
As declarações de Bakiev foram, no entanto, rebatidas pela
chefe do governo provisório. A
ex-ministra das Relações Exteriores Roza Otunbaieva disse
que "os seus negócios no Quirguistão estão encerrados". Segundo a ex-chanceler quirguiz,
opositores já controlam 4 das 7
Províncias do país e possuem o
apoio das forças de segurança.
Otunbaieva, que se disse disposta a negociar com Bakiev os
termos de sua renúncia formal,
anunciou também a dissolução
do Parlamento e reafirmou a
intenção de manter o governo
interino por pelo menos meio
ano, quando pretende realizar
novas eleições presidenciais.
Rússia
Reforçando suspeitas levantadas por partidários de Bakiev,
um membro do novo governo
disse ontem que a Rússia "cumpriu seu papel" no golpe contra
o líder que assumira pregando
maior autonomia de Moscou.
O Quirguistão é considerado
um país estratégico na região
por Rússia e EUA, que mantêm
bases militares no país e disputam influência sobre o governo.
O premiê russo, Vladimir Putin, conversou com Otunbaieva
ontem e ofereceu apoio à "chefe de governo" do Quirguistão,
legitimando o golpe contra Bakiev. A ex-chanceler agradeceu
o "significativo apoio". Moscou
anunciou o envio de 150 soldados para "garantir" a segurança
da base que mantém no país.
Pesa ainda para as suspeitas a
proximidade com o país da própria Otunbaieva, que iniciou a
carreira como quadro da burocracia soviética. Nos anos 80,
chefiou a delegação da União
Soviética na Unesco e serviu
como embaixadora na Malásia.
Em 1991, após o desmantelamento da potência comunista,
Otunbaieva ocupou o Ministério do Exterior no governo de
Askar Akaiev e foi embaixadora
nos EUA e no Reino Unido.
Na década seguinte, contudo,
a diplomata engrossou fileiras
dos descontentes com Akaiev e
assumiu a linha de frente nos
protestos que o depuseram e levaram Bakiev à Presidência.
Com agências internacionais
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