São Paulo, sexta-feira, 09 de abril de 2010

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Presidente deposto do Quirguistão diz que não renunciará

Membro do governo interino afirma que "a Rússia cumpriu o seu papel" na destituição de Bakiev em meio a confrontos

Presidente admite, porém, não deter mais poder; líder opositora diz que "negócio" do político rival chegou ao final e dissolve Parlamento


DA REDAÇÃO

Nas primeiras declarações desde o levante opositor que o obrigou a abandonar a sede do governo, o presidente do Quirguistão, Kurmanbek Bakiev, se negou ontem a admitir a derrota para os rivais e afirmou que não vai renunciar ao cargo. Bakiev reconheceu, porém, a uma rádio russa que não tem o controle sobre ações do governo.
Anteontem, ele fora destituído em meio a violentos protestos na capital da ex-república soviética da Ásia central, Bishkek, que resultaram em ao menos 75 mortos -segundo cifras oficiais revistas- e 400 feridos.
As declarações de Bakiev foram, no entanto, rebatidas pela chefe do governo provisório. A ex-ministra das Relações Exteriores Roza Otunbaieva disse que "os seus negócios no Quirguistão estão encerrados". Segundo a ex-chanceler quirguiz, opositores já controlam 4 das 7 Províncias do país e possuem o apoio das forças de segurança.
Otunbaieva, que se disse disposta a negociar com Bakiev os termos de sua renúncia formal, anunciou também a dissolução do Parlamento e reafirmou a intenção de manter o governo interino por pelo menos meio ano, quando pretende realizar novas eleições presidenciais.

Rússia
Reforçando suspeitas levantadas por partidários de Bakiev, um membro do novo governo disse ontem que a Rússia "cumpriu seu papel" no golpe contra o líder que assumira pregando maior autonomia de Moscou.
O Quirguistão é considerado um país estratégico na região por Rússia e EUA, que mantêm bases militares no país e disputam influência sobre o governo.
O premiê russo, Vladimir Putin, conversou com Otunbaieva ontem e ofereceu apoio à "chefe de governo" do Quirguistão, legitimando o golpe contra Bakiev. A ex-chanceler agradeceu o "significativo apoio". Moscou anunciou o envio de 150 soldados para "garantir" a segurança da base que mantém no país.
Pesa ainda para as suspeitas a proximidade com o país da própria Otunbaieva, que iniciou a carreira como quadro da burocracia soviética. Nos anos 80, chefiou a delegação da União Soviética na Unesco e serviu como embaixadora na Malásia.
Em 1991, após o desmantelamento da potência comunista, Otunbaieva ocupou o Ministério do Exterior no governo de Askar Akaiev e foi embaixadora nos EUA e no Reino Unido.
Na década seguinte, contudo, a diplomata engrossou fileiras dos descontentes com Akaiev e assumiu a linha de frente nos protestos que o depuseram e levaram Bakiev à Presidência.

Com agências internacionais



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