São Paulo, quinta-feira, 09 de maio de 2002

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VENEZUELA

Apoio vai a 44,4%, contra 34,4% há 3 meses; militares são remanejados

Popularidade de Chávez aumenta após golpe

DA REDAÇÃO

A popularidade do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, subiu para 44,4%, segundo pesquisa do instituto Datanálisis divulgada ontem, após o frustrado golpe de Estado que o tirou do cargo por dois dias, no mês passado.
Em fevereiro, pesquisa do mesmo instituto indicava popularidade de 34,4%, o mais baixo índice desde o início de seu governo, em fevereiro de 1999.
A pesquisa divulgada ontem foi realizada no dia 30 de abril, duas semanas após o golpe, com 800 entrevistas em todo o país. A margem de erro é de 3,46 pontos percentuais.
Apesar da ligeira melhora, Chávez ainda enfrenta uma grande oposição -54,4% dos entrevistados desaprovam seu governo. Entre as classes alta e média, 75,7% não o apóiam -na classe baixa seu apoio é de 55%.
Chávez é apontado por 25,1% dos entrevistados como responsável pelas 17 mortes ocorridas durante a megamanifestação do dia 11 de abril, que antecedeu o golpe. Os círculos bolivarianos, grupos civis de apoio ao presidente, foram responsabilizados por 11,9%, e 10,8% disseram que o líder empresarial Pedro Carmona, que assumiu a Presidência provisória durante o golpe, é o responsável pelas mortes.
Segundo a pesquisa, a população vê no prefeito da região metropolitana de Caracas, Alfredo Peña, a principal voz da oposição, mas o líder político considerado mais importante continua sendo Chávez, com 41,3%, seguido do deputado Julio Borges, do partido conservador Primero Justicia, com 30%.

Expurgos
Quase um mês após o golpe contra ele, Chávez está promovendo um expurgo entre os militares de alta patente e colocando oficiais leais a ele no lugar, no intuito de prevenir a ocorrência de um novo levante. Mas analistas militares consideram que as mudanças podem ter efeito inverso, inflando mais que reduzindo o descontentamento dentro das Forças Armadas, que foram a peça-chave do golpe que tirou Chávez do poder e depois o reconduziu ao cargo, dois dias depois.
Na última mudança da série que vem afetando todas as forças, um general que comandava uma unidade de tanques de elite em Valencia, a oeste de Caracas, foi substituído anteontem à noite por um coronel ligado a Chávez.
Nas últimas semanas, o presidente remanejou a maioria dos altos comandos militares, alguns dos quais estiveram envolvidos no golpe. Chávez também ordenou mudanças em outros postos-chave de comando e postos de vigilância, como o chefe do departamento de inteligência militar.
No caso da mudança em Valencia (150 km da capital), civis opositores e simpatizantes do presidente realizaram ruidosas manifestações do lado de fora da unidade militar. As manifestações anteciparam a alteração, originalmente programada para ontem.
"Definitivamente há um expurgo em andamento, e o que nós temos agora é uma situação bastante precária", diz o analista Alberto Garrido, autor de diversos livros sobre Chávez. "Substituir um general por um coronel indica que não há muitas figuras em quem Chávez confia entre os generais", afirma.


Com agências internacionais

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