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São Paulo, sexta-feira, 09 de maio de 2003

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IRAQUE NA MIRA

Proposta pede fim de bloqueio de 13 anos contra o Iraque e reserva papel secundário às Nações Unidas

EUA pedem hoje na ONU fim das sanções

Romeo Gacad/France Presse
Soldado americano abastece gratuitamente carro de iraquiano em Bagdá, onde falta combustível


ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

Os EUA apresentam hoje ao Conselho de Segurança (CS) da ONU uma proposta para acabar imediatamente com os 13 anos de sanções econômicas ao Iraque. O governo americano pedirá ainda que EUA e Reino Unidos sejam considerados forças ocupantes responsáveis pelo país nos próximos 12 meses. Como esperado, o plano não dá à ONU autoridade sobre o Iraque. Mas reserva dois papéis à entidade.
O primeiro, ocupado por um nome escolhido pelo secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, seria o de coordenador das Nações Unidas para o país -responsável por auxiliar americanos e britânicos em questões como proteção dos direitos humanos e criação da estrutura do governo e do Judiciário.
Além disso, o próprio Annan ocuparia um cargo numa espécie de "conselho de administração" de um fundo que receberia o dinheiro do petróleo iraquiano.
O secretário-geral da ONU teria a seu lado representantes do FMI e do Banco Mundial. O fundo seria utilizado para fins humanitários e na reconstrução do país, mas as decisões executivas -onde e como gastar o dinheiro, por exemplo- ficariam a cargo de EUA, Reino Unido e da autoridade interina do Iraque.
Embora o fundo substitua suas funções, o programa Petróleo por Comida, criado para aliviar o efeito das sanções impostas em agosto de 1990, seria mantido até outubro, quatro meses além da data em que deveria acabar.
A proposta americana expressa uma vitória dos "falcões" sobre o secretário de Estado, Colin Powell, que defendia um plano de volta gradual do Iraque ao comércio internacional, o que facilitaria a aprovação da resolução.
Outro ponto que pode dificultar sua aprovação é a ausência de referências à volta dos inspetores de armas da ONU ao país, exigência feita em resoluções anteriores. A proposta, porém, mantém o embargo de armas.
A França, que diz apoiar ao menos uma suspensão das sanções, quer ver um papel mais forte da ONU, assim como Rússia e China -os três países têm poder de veto no CS, como EUA e Reino Unido.
Já a Alemanha, que também havia se oposto ao governo americano anteriormente, agora diz que não será obstáculo. "Não vamos repetir os debates de ontem", disse o embaixador do país na ONU, Gunter Pleuger.
Ainda assim, os EUA esperam aprovar sua resolução em duas semanas. "Não há nenhum motivo para uma resolução acabando com as sanções ao Iraque levar muito tempo sendo discutida", disse o representante americano na ONU, John Negroponte.
Para aprovar sua proposta -que facilita a operação das empresas americanas que trabalham na reconstrução iraquiana-, os EUA contam com o fato de que os países têm dificuldade em defender publicamente as sanções. "Deixe-me ser muito claro: ninguém quer manter as sanções", disse ontem o diplomata-chefe da União Européia, Javier Solana.
Ontem, em reunião fechada, o Conselho de Segurança ouviu da subsecretária-geral da ONU Louise Frechette relatório sobre o Iraque. Segundo ela, o principal problema do país hoje ainda é a falta de segurança, que tem atrapalhado a ajuda humanitária.


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