São Paulo, domingo, 09 de maio de 2004

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IRAQUE OCUPADO

Defesa do secretário no Senado é atacada nos EUA, Europa e países árabes; pedidos de renúncia continuam

Fala de Rumsfeld sobre abusos não convence

DA REDAÇÃO

O depoimento do secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, anteontem no Senado foi insuficiente para aplacar as críticas aos abusos cometidos contra prisioneiros iraquianos e para refrear os pedidos de sua renúncia.
O "New York Times" afirmou em editorial: "Se Donald Rumsfeld foi ao Congresso para explicar por que ele deve permanecer como secretário da Defesa, ele falhou". "As audiências também significaram para os americanos um assustador lembrete da bagunça que a administração [George W.] Bush, particularmente o sr. Rumsfeld, fez da ocupação do Iraque", acrescentou o jornal nova-iorquino.
O "Washington Post" também não se convenceu com os argumentos do secretário. No editorial intitulado "Uma resposta inadequada", afirmou que Rumsfeld "não aceitou a natureza fundamental do problema, muito menos se comprometeu a corrigi-lo". O diário termina pedindo uma intervenção do Legislativo: "São sinais não de atos isolados, mas de um sistema quebrado, que está levando a abusos criminais. Se o sr. Rumsfeld e o presidente Bush não desejam consertá-lo, o Congresso deve entrar em ação".
Uma pesquisa divulgada anteontem pelo jornal da capital americana apontou que a maioria dos americanos (69%) é contra a renúncia de Rumsfeld. Somente 20% dos entrevistados se declararam a favor dessa possibilidade.
Para comentaristas políticos árabes e europeus, o pedido de desculpas de Rumsfeld foi feito com atraso e é incapaz de reparar os danos causados.
"Sob o seu comando, assassinato, tortura e humilhação foram impostos aos prisioneiros iraquianos quase que como um caminho natural", afirmou o diário saudita "Arab News".
"Acho que ele deveria renunciar porque a tortura refletiu uma política do Exército americano disseminada no Iraque, e talvez no Afeganistão", disse o analista jordaniano Hani Hourani.
Jornais da Europa destacaram que o escândalo sinaliza o fracasso da política de Bush para o Iraque e pediram a renúncia do secretário. "Se Rumsfeld assume a responsabilidade pelo que aconteceu nas prisões iraquianas, como declarou no Senado, sua única alternativa é renunciar", afirmou o diário espanhol "El País".
O francês "Libération" escreveu que "a saída [de Rumsfeld] seria uma admissão de fracasso da qual Bush teria muitas dificuldades para se recuperar".
Em seu programa semanal de rádio, o presidente Bush voltou a insistir ontem que os maus-tratos contra os prisioneiros iraquianos são obra de "uns poucos soldados". "Hoje há várias investigações oficiais em curso, conduzidas por militares de alta patente. Alguns soldados já foram acusados por crimes. Descobriremos todos os fatos e revelaremos todos os abusos", acrescentou.


Com agências internacionais


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