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"EIXO DO MAL"
Mensagem enviada por Ahmadinejad em meio a impasse nuclear é a primeira do país aos EUA desde 1979
Em carta a EUA, Irã sugere melhorar relação
DA REDAÇÃO
Em um gesto inesperado, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, enviou ontem uma carta
ao presidente americano, George
W. Bush, sugerindo "novas soluções" para melhorar as relações
entre Teerã e os Estados Unidos,
que ganharam um grau de tensão
além do normal nos últimos meses devido ao programa nuclear
desenvolvido pela república islâmica. Foi o primeiro comunicado
conhecido de um líder iraniano a
um presidente americano desde o
rompimento diplomático entre
os dois países, em 1979.
O conteúdo da carta não foi revelado, mas o simples fato de ter
sido enviada, no dia em que as
seis principais potências nucleares se reuniram em Nova York
para discutir as possíveis ações a
serem tomadas no âmbito das
Nações Unidas em relação às ambições atômicas do Irã, representa
um fato político importante.
Ao anunciar o envio da missiva,
o porta-voz do governo iraniano
não mencionou a controvérsia
nuclear, afirmando que ela tratava de forma geral das divergências
entre os dois países não só desde a
a Revolução Islâmica e a crise dos
reféns da embaixada americana
em Teerã, em 1979, mas regredindo até o golpe de 1953, apoiado
pelos EUA, que derrubou o presidente Mohammed Mossadegh.
À agência de notícias Associated Press, a secretária de Estado
dos EUA, Condoleezza Rice, disse
que a carta, de 17 ou 18 páginas,
trata de história, filosofia e religião, mas não representa o início
de uma negociação. "[A carta]
não fala dos assuntos com os
quais estamos lidando de forma
concreta", disse Rice, na mais detalhada reação da Casa Branca à
iniciativa. "Não há nada que sugira que estejamos num caminho
diferente daquele em que estávamos antes da carta."
Pressão
Para Rice, a carta do presidente
iraniano pode ser uma tentativa
de "mudar de assunto". Ela reiterou que os EUA continuarão a defender uma reação dura do Conselho de Segurança. "Precisamos
colocar pressão sobre os iranianos para que eles entendam que
haverá um custo para seu desafio
contínuo ao sistema internacional", disse a secretária.
O surpreendente gesto de Ahmadinejad, que passou as últimas
semanas desafiando as advertências americanas e afirmando que
o projeto nuclear iraniano não seria interrompido, foi visto por observadores internacionais como
uma tentativa de dividir ainda
mais o Conselho de Segurança da
ONU. Uma proposta de resolução
prevendo a possibilidade de sanções, apresentada na semana passada por EUA, Reino Unido e
França, foi rejeitada por Rússia e
China, os outros dois membros
com direito a veto no CS.
A carta foi enviada por meio da
Embaixada da Suíça em Teerã,
que abriga uma seção de interesses americana. Um diplomata informou que ela só deveria chegar
aos EUA hoje.
John Bolton, o linha-dura que
representa os EUA na ONU, reagiu com ceticismo, afirmando que
"o paradigma" do comportamento iraniano é o dar a impressão de
que está cedendo quando a pressão internacional aumenta, para
em seguida "voltar à busca de armas nucleares".
Na Turquia, o principal negociador nuclear do Irã, Ali Larijani,
manifestou esperança de que a
iniciativa de Ahmadinejad possa
ter efeito positivo na crise, advertindo que ela não representa um
recuo no programa nuclear. "Talvez isso leve a uma nova abertura
diplomática. Mas é preciso dar
tempo", disse.
A expectativa era de que a nova
iniciativa iraniana fosse abordada
na reunião de ontem, em Nova
York, entre os chanceleres de
EUA, Reino Unido, França, China
e Rússia, membros permanentes
do CS, da qual também participariam os chefes da diplomacia da
Alemanha e da UE. O embaixador
da China na ONU, Wang Guangya, disse que encontro se ocuparia
"do futuro e do pensamento estratégico sobre como lidar com
Irã", reforçando a impressão de
que os planos dos EUA de acelerar as discussões práticas em torno de possíveis punições receberiam um banho de água fria.
Rússia e China se opõem à proposta de fazer referência ao Capítulo 7 da Carta da ONU, que abriria caminho para sanções.
Com agências internacionais
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