São Paulo, segunda-feira, 09 de maio de 2011

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O FIM DA CAÇADA

Obama vê apoio do Paquistão a Bin Laden

Presidente dos EUA dá como certo que o terrorista tinha cúmplices no país onde se abrigou, que é aliado norte-americano

Embora sem acusação direta à administração paquistanesa, declaração eleva tom da Casa Branca em relação a Islamabad

Reuters
Ativistas e grupo antiamericano protestam contra morte de Bin Laden e acusam Obamade 'terrorista' em Multan (Paquistão)

ÁLVARO FAGUNDES
DE NOVA YORK

O presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou que Osama bin Laden tinha uma "rede de apoio" no Paquistão que ajudou a manter o líder terrorista saudita em segurança durante anos.
"Mas não sabemos quem [integrava] ou qual era essa essa rede apoio", disse Obama a um programa de TV da rede CBS.
Na entrevista, o presidente cobrou das autoridades paquistanesas que investiguem o assunto e não descartou a participação de membros do governo do país na "rede" de ajuda ao líder da Al Qaeda, morto no último dia 1º.
"Não sabemos se havia pessoas de dentro do governo [do Paquistão], gente de fora do governo, e isso é algo que precisamos investigar e, sobretudo, o governo paquistanês tem que investigar."
Foi a crítica mais incisiva de Obama aos aliados paquistaneses desde o assassinato do terrorista. Na semana passada, o diretor da CIA, Leon Panetta, disse que o Paquistão "ou estava envolvido ou é incompetente".
Islamabad diz que não sabia que Bin Laden estava escondido no país, na cidade de Abbottabad. Assim como Obama, o assessor de Segurança Nacional dos EUA, Tom Donilon, cobrou dos paquistaneses investigar o caso, mas disse que, "ao menos por enquanto", não há indícios de que as autoridades do país soubessem da presença do terrorista saudita.
"Existe um fato com o qual precisamos lidar. E o fato é que Osama bin Laden estava em Abbottabad, a 50 km de Islamabad, a cidade que é vista essencialmente como uma vila militar. Existe uma importante escola militar lá e outras instalações. Isso precisa ser investigado."
Donilon afirmou ainda que os EUA têm "diferenças" com os paquistaneses, mas que o país tem sido um importante parceiro americano.
Em comentário sobre o sigilo da operação e o fato de o Paquistão não haver sido informado dela pelos EUA, Obama disse, ainda em entrevista à TV: "Não contei nada nem à minha própria família. Era sumamente importante para nós manter a segurança da operação".
Os EUA agora querem acesso ao material que deixaram na casa de Bin Laden em Abbottabad e também às três viúvas do terrorista, que estariam detidas pelo Exército paquistanês.

CHEFE DA CIA
A mídia paquistanesa divulgou ontem o nome de quem aponta ser o chefe da CIA (a agência de inteligência americana) em Islamabad. Há suspeita de que a informação tenha sido vazada pelo governo paquistanês.
O cargo é um dos mais importantes da CIA. Seu detentor coordenou, por exemplo, a operação que usou aviões não tripulados contra alvos da Al Qaeda e do Taleban.
O premiê Yusuf Raza Gilani deve fazer um discurso hoje sobre a operação em Abbottabad. Há expectativa de que adote tom severo e critique os EUA pela falta de ação conjunta com o Paquistão.
O embaixador do Paquistão nos Estados Unidos, Hussain Haqqani, afirmou que "cabeças vão rolar" caso a investigação oficial aponte que membros do governo sabiam do paradeiro de Bin Laden.


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