São Paulo, sábado, 09 de junho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

G8 só recomenda "atenção" a fundos especulativos

Documento do grupo reconhece possibilidade de "riscos sistêmicos" nas finanças, mas idéia de regulação não avança

Chanceler da Alemanha, anfitriã deste ano, enfatiza chamado à transparência nos mercados, mas sua fala é mais forte que texto oficial

DO ENVIADO ESPECIAL À ALEMANHA

Por mais que aponte "potenciais riscos sistêmicos" decorrentes de fundos especulativos como os "hedge funds", o comunicado final do G8 limita-se a reafirmar "a necessidade de permanecer atentos" a tais instrumentos financeiros, "dado o forte crescimento da indústria de "hedge funds" e à crescente complexidade dos instrumentos que eles comercializam".
A Alemanha, anfitriã da cúpula-2007, pretendia extrair muito mais do que esse vago fraseado. Queria ênfase na necessidade de maior transparência e de uma regulação mais estrita dos "hedge funds" e também do que o comunicado chama de "avançadas técnicas e produtos [do mercado financeiro], tais como derivativos".
O curioso é que o resumo da presidência divulgado ontem é mais firme do que o texto coletivo, talvez porque Angela Merkel, a chanceler alemã e anfitriã do encontro, havia dito, antes mesmo de a cúpula começar, que deveria "ter desejado mais em termos de transparência e de adotar um código de conduta para esses fundos".
O resumo de Merkel parece recuperar essa ambição, ao dizer: "Ao mesmo tempo que anotamos a contribuição positiva dos "hedge funds" para a estabilidade do mercado financeiro, nós também queremos minimizar riscos sistêmicos por meio de transparência e disciplina no comportamento de todas as partes envolvidas".

"Práticas sadias"
De todo modo, o G8 convida os "hedge funds" a "rever e aperfeiçoar práticas sadias existentes e que funcionam como parâmetros". Espera que, até outubro, fique pronto relatório do Fórum de Estabilidade Financeira a respeito da evolução e das ações adotadas em relação às suas recomendações.
Os "hedge funds" são uma maneira de proteger o investidor de uma perda em uma operação por meio de uma segunda aposta (ou terceira ou várias) em diferentes ativos.
Controlam entre US$ 1,4 trilhão e US$ 2,1 trilhões e como só podem participar deles investidores devidamente credenciados, estão usualmente isentos de regulação direta por entidades como a SEC (uma espécie de xerife da Bolsa de Valores dos Estados Unidos). (CV)


Texto Anterior: Declaração sobre África é vaga e reedita promessas anteriores
Próximo Texto: Sarkozy consegue menção da cúpula à libertação de presos das Farc por Uribe
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.