São Paulo, sábado, 09 de junho de 2007

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Venezuela reage a frase de Lula

Afirmação de que fim da concessão de TV foi democrática é destacada por site oficial; oposição vê engano

Oposicionista diz que o presidente não conhece a realidade do país; órgão do governo omite crítica a "radicalização verbal"

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

As declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizendo que não fere a democracia a decisão do colega venezuelano, Hugo Chávez, de não renovar a concessão da emissora de televisão RCTV tiveram grande destaque ao longo do dia nos sites de notícias do país.
A notícia "Lula: Não renovar a concessão da 1BC [empresa que controla a RCTV] foi democrático" ficou durante boa parte do dia no alto da página da Agência Bolivariana de Notícias (ABN), do governo.
A agência não publicou o trecho em que ele critica a "radicalização verbal" do presidente venezuelano contra o Senado brasileiro, chamado de "papagaio de Washington" na semana passada. Ambas as declarações foram feitas pelo presidente anteontem, em entrevista exclusiva à Folha, quando Lula disse que "o fato de ele [Chávez] não renovar a concessão é tão democrático quanto dar [a concessão]".
A ABN também destacou a visita de um grupo de parlamentares brasileiros, de partidos como PT, PC do B e PSOL, à Embaixada da Venezuela em Brasília para apoiar a decisão de Chávez, baseada no fato de que a RCTV apoiou o golpe de abril de 2002 -o argumento do governo venezuelano.
Já nos sites oposicionistas, que misturam notícias e fóruns de discussão, o apoio de Lula foi alvo de uma saraivada de críticas. "Lula tem estado num atira e encolhe. Mas é definitivo: preferiu não perder os petrodólares", diz uma das mensagens no www.noticias24.com.
Para o líder opositor Antonio Ledezma, as declarações de Lula estão apoiadas na falsa noção de que as instituições venezuelanas são independentes.
"Certamente, como chegou ao presidente Lula, essa decisão é aparentemente legal porque ratificada pelo Tribunal Supremo de Justiça e a Conatel (Comissão Nacional de Telecomunicações) e aprovada pelo Parlamento venezuelano. Ocorre que todas essas instituições estão controladas pelo governo" , disse à Folha o ex-prefeito de Caracas.
No Brasil, o presidente da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), Daniel Slaviero, disse não enxergar na frase de Lula uma avaliação do mérito da decisão de Chávez. "A Abert entende que o presidente não entrou no mérito da questão. Falou com chefe de Estado, em defesa da soberania da Venezuela. Disse que é questão interna".


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