São Paulo, segunda-feira, 09 de junho de 2008

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análise

Venezuelano suaviza fala de olho em eleição

DE CARACAS

As declarações brandas de Hugo Chávez sobre a guerrilha foram precedidas, nas últimas semanas, por uma série de recuos com relação a medidas consideradas radicais por parte da população.
O comportamento "light" do presidente venezuelano tem sido atribuído à sua estratégia para vencer as eleições regionais de 23 de novembro, que renovarão governadores e prefeitos.
Há cerca de dois meses, o governo venezuelano desistiu de implantar uma controversa reforma educacional, acusada de ser ideologizante. No final de maio, revogou a decisão de cobrar das TVs privadas R$ 335 mil por hora de retransmissão de imagens geradas pelo canal estatal VTV.
O último recuo foi anteontem, quando Chávez anunciou a revisão da criticada Lei de Inteligência, que obrigava cidadãos a colaborarem com informações às forças do Estado, sob pena de prisão.
"Chávez deve saber que a dimensão ideológica de seu discurso, sua proposta radical não é popular", disse à Folha Oscar Schemel, do instituto de pesquisa Hinterlaces. "Mais de 70% rejeitam vínculo com as Farc e as consideram terroristas."
Schemel acredita que, durante a campanha eleitoral, Chávez diminuirá seu discurso ideológico para reforçar outro "mais humano, mais social, mais de centro", além de relançar populares programas sociais, chamados de "missões".
Sobre o recuo das medidas como a reforma educacional, o analista diz que é parte de uma estratégia tradicional do chavismo, até agora bem-sucedida: "Esse tipo de retificação tem a ver com radicalizar o discurso do adversário. Chávez acentua o tom furioso dos setores da oposição para depois se colocar em outro plano."
De acordo com Hinterlaces, a gestão de Chávez é aprovada atualmente por cerca de 40% da população, uma queda significativa dos 60% de respaldo na época de sua reeleição, em 2006.
Uma vitória significativa é tida pelos chavistas como crucial para reapresentar em 2010 um novo referendo sobre a implantação da reeleição indefinida para presidente. Em dezembro passado, a reforma constitucional que incluía esse mecanismo perdeu em consulta popular.
Atualmente, os governistas têm 20 dos 24 governos e cerca de 70% das prefeituras.
Recentemente, Chávez disse que, se a oposição vencer em novembro, haverá uma "guerra civil" em 2009 por causa de supostos planos separatistas. (FM)


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