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análise
Venezuelano suaviza fala de olho em eleição
DE CARACAS
As declarações brandas de
Hugo Chávez sobre a guerrilha foram precedidas, nas últimas semanas, por uma série de recuos com relação a
medidas consideradas radicais por parte da população.
O comportamento "light"
do presidente venezuelano
tem sido atribuído à sua estratégia para vencer as eleições regionais de 23 de novembro, que renovarão governadores e prefeitos.
Há cerca de dois meses, o
governo venezuelano desistiu de implantar uma controversa reforma educacional,
acusada de ser ideologizante.
No final de maio, revogou a
decisão de cobrar das TVs
privadas R$ 335 mil por hora
de retransmissão de imagens
geradas pelo canal estatal
VTV.
O último recuo foi anteontem, quando Chávez anunciou a revisão da criticada Lei
de Inteligência, que obrigava
cidadãos a colaborarem com
informações às forças do Estado, sob pena de prisão.
"Chávez deve saber que a
dimensão ideológica de seu
discurso, sua proposta radical não é popular", disse à
Folha Oscar Schemel, do
instituto de pesquisa Hinterlaces. "Mais de 70% rejeitam
vínculo com as Farc e as consideram terroristas."
Schemel acredita que, durante a campanha eleitoral,
Chávez diminuirá seu discurso ideológico para reforçar outro "mais humano,
mais social, mais de centro",
além de relançar populares
programas sociais, chamados de "missões".
Sobre o recuo das medidas
como a reforma educacional,
o analista diz que é parte de
uma estratégia tradicional
do chavismo, até agora bem-sucedida: "Esse tipo de retificação tem a ver com radicalizar o discurso do adversário.
Chávez acentua o tom furioso dos setores da oposição
para depois se colocar em
outro plano."
De acordo com Hinterlaces, a gestão de Chávez é
aprovada atualmente por
cerca de 40% da população,
uma queda significativa dos
60% de respaldo na época de
sua reeleição, em 2006.
Uma vitória significativa é
tida pelos chavistas como
crucial para reapresentar em
2010 um novo referendo sobre a implantação da reeleição indefinida para presidente. Em dezembro passado, a reforma constitucional
que incluía esse mecanismo
perdeu em consulta popular.
Atualmente, os governistas têm 20 dos 24 governos e
cerca de 70% das prefeituras.
Recentemente, Chávez
disse que, se a oposição vencer em novembro, haverá
uma "guerra civil" em 2009
por causa de supostos planos
separatistas.
(FM)
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