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Coalizão pró-Ocidente vence eleição libanesa
Grupo liderado por Saad Hariri, filho de ex-premiê assassinado, leva 71 das 128 cadeiras no Parlamento e impõe derrota ao Hizbollah
Participação de partido ligado a milícia no governo não está ainda descartada, no entanto, apesar de pressão contrária dos EUA
Joseph Barrak/France Presse
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Simpatizantes do movimento pró-Ocidente 14 de Março celebram vitória nas ruas de Bekfaya
DA REDAÇÃO
A coalizão pró-Ocidente no
poder desde 2005 se manterá
como força dominante no governo libanês por mais quatro
anos, conforme resultado das
eleições legislativas divulgado
oficialmente ontem.
O pleito do último domingo
evidenciou mais uma vez a polarização do país entre movimentos apoiados por EUA e
União Europeia e defensores
da influência síria e iraniana
nos assuntos libaneses.
Contrariando expectativas, o
resultado selou uma importante derrota para a aliança liderada pelo xiita Hizbollah, misto
de partido e milícia apoiado por
Damasco e Teerã.
Para alívio das potências ocidentais, a aliança conhecida como 14 de Março arrematou 71
das 128 cadeiras do Parlamento
libanês unicameral, contra 57
para o movimento pró-Hizbollah, batizado 8 de Março -data
de 1920 em que a Síria declarou
unilateralmente independência da França.
Observadores da União Europeia e do Centro Jimmy Carter pela Promoção da Democracia disseram que o pleito foi
transparente e tranquilo, mas
cobraram melhorias no sistema eleitoral libanês.
A participação foi de 52,3%,
contra 45,8% em 2005.
O grande vencedor das legislativas foi o sunita Saad Hariri,
que conduziu campanha focada
na soberania do Líbano e é
apontado por analistas como
possível premiê.
Saad é filho do ex-premiê Rafik Hariri, cujo assassinato, em
um atentado atribuído à Síria
em fevereiro de 2005, causou
no mês seguinte um levante popular que deu nome à coalizão
de forças antissírias.
Até o assassinato de Hariri, o
Exército sírio mantinha soldados no Líbano havia 29 anos,
como parte dos Acordos de
Taif, que encerraram a Guerra
Civil Libanesa (1975-1990).
Com a morte do ex-premiê,
expoente da oposição libanesa
à presença militar síria, cresceu
a pressão internacional para
que os militares de Damasco
deixassem o Líbano, o que
ocorreu ainda em 2005.
Embora o Hizbollah tenha
mantido as 11 cadeiras que possuía antes das eleições, seus
aliados -incluindo cristãos de
direita- não conseguiram inverter a relação de forças no
Parlamento.
O líder do Hizbollah, xeque
Hassan Nasrallah, reconheceu
a derrota. "Aceitamos os resultados com espírito esportivo e
democrático", disse o clérigo
em discurso na TV.
Negociações
Embora tenha conquistado a
maioria, a coalizão 14 de Março
defende a formação de um governo de união nacional.
Segundo analistas, os dois
campos rivais concordam em
fazer concessões para evitar
uma nova espiral de violência
no país -a última foi encerrada
no ano passado sob mediação
diplomática do Qatar.
Hariri deixou as portas do governo abertas ao Hizbollah,
desde que o grupo abra mão do
direito de veto nas decisões do
gabinete, que tem atualmente.
Mas o grupo xiita considera o
direito de veto uma questão de
sobrevivência, já que descarta
aceitar uma eventual ordem
para entregar as armas.
Especula-se que pode levar
semanas até que sejam definidos os contornos do próximo
gabinete libanês.
Os EUA pressionam para
manter o Hizbollah fora. A Casa Branca alertara antes da eleição que a continuação da ajuda
militar e financeira ao Líbano
estava condicionada à formação do gabinete.
Com agências internacionais
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