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Pentágono admite erros em ataque a afegãos
"Problemas táticos, técnicos e de procedimento" contribuíram para morte de civis em bombardeio em maio
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
Um porta-voz do Departamento da Defesa dos EUA admitiu ontem que soldados americanos cometeram erros e não
seguiram os procedimentos e
táticas corretos durante um
sangrento ataque no Afeganistão no mês passado. Autoridades afegãs contabilizaram 140
civis mortos, número que faria
desse o ataque com mais vítimas civis desde o início da
guerra, em 2001.
Os EUA rechaçam o número
e contabilizam de 20 a 30 civis e
de 60 a 65 insurgentes do grupo
islâmico radical Taleban entre
os mortos, mas, de toda forma,
a ação elevou a tensão entre locais e tropas estrangeiras.
O bombardeio aéreo ocorreu
para apoiar tropas no solo durante uma batalha em 4 de
maio último na Província de
Farah (oeste). "Houve alguns
problemas táticos, técnicos e
de procedimento no modo como foi realizado o apoio aéreo"
no ataque, afirmou o secretário
de imprensa do Departamento
da Defesa, Geoff Morrell.
Ele não confirmou o número
final de vítimas, mas insistiu
em que o número de militantes
do Taleban mortos foi muito
superior ao de civis.
Segundo Morrell, um dos fatores problemáticos se refere
ao fato de um bombardeiro B-1
ter, após a identificação do alvo,
se afastado por um tempo de
sua rota. "Não há como saber se
isso teve algo a ver com a morte
de civis, mas [os investigadores] consideram esse um dos
problemas associados com a
forma como tudo ocorreu."
O Pentágono dissera que a
aeronave recebera permissão
para atacar uma suposta base
do Taleban, mas não reconfirmou o alvo antes de lançar a
bomba. Isso deixava em aberto
a hipótese de civis terem entrado na área antes do ataque.
Regra ignorada
O relatório final sobre a investigação ainda não foi liberado, mas já na semana passada o
"New York Times" relatara que
conclusões iniciais da investigação apontavam para erros do
Exército, incluindo o fato de ter
ignorado a regra que impede
bombardeios em áreas residenciais densamente povoadas na
ausência de ameaça iminente.
De acordo com as forças dos
EUA, a batalha em Farah começou um dia depois que insurgentes do Taleban entraram
em duas vilas, exigiram dinheiro de civis e mataram três ex-funcionários do governo.
Quando uma força afegã tentou
reagir, sofreu uma emboscada.
O governador da Província então pediu ajuda militar aos
EUA, que enviaram uma força
terrestre. Durante a luta, os soldados pediram a ajuda de ataques aéreos de caças F-18 e de
um bombardeiro B-1.
A morte de dezenas de afegãos provocou protestos em todo o país. O presidente afegão,
Hamid Karzai, lançou um apelo
aos EUA pela suspensão dos
ataques aéreos, sem sucesso.
Cerca de uma semana após o
ataque, foi anunciada troca no
comando dos EUA no Afeganistão, com o general Stanley
McChrystal substituindo David McKiernan. O Pentágono
justificou a mudança dizendo
que "uma abordagem nova é
necessária". Em depoimento
ao Senado, McChrystal disse
que protegerá civis.
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