São Paulo, domingo, 09 de julho de 2006

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Israel rejeita oferta de cessar-fogo feita pelo Hamas

Exército deixa norte da faixa de Gaza, mas ataque aéreo mata mulher e seus dois filhos, incluindo menina de 6 anos

"É necessário retornar à calma", pede o premiê palestino; Chancelaria diz que soldado israelense deve ser solto antes de um acordo


Ahmed Jadallah/Reuters
Militantes do Hamas exibem documentos de soldados israelenses deixados no norte de Gaza


DA REDAÇÃO

O premiê palestino Ismail Haniyeh, que pertence ao braço político do grupo terrorista Hamas, propôs um cessar-fogo a Israel no conflito que já dura duas semanas e matou ao menos 40 palestinos -quase um terço deles civis. Ehud Olmert, o primeiro-ministro israelense, rejeitou a oferta.
O Exército de Israel retirou tropas ontem de Beit Lahiya e Beit Hanoun (norte da faixa de Gaza), principais locais dos mais recentes confrontos. "Não descartamos um retorno a essas áreas. A operação não se encerrou", disse um porta-voz dos militares. Palestinos disseram que já na madrugada de hoje tanques voltaram à região. Israel não comentou.
Ontem as forças israelenses fizeram uma ofensiva na Cidade de Gaza em busca de túneis que seriam usados para contrabandear armas e desferir ataques a Israel. Quatro militantes do Hamas foram mortos.
Um bombardeio matou uma mulher e seus dois filhos, incluindo uma menina de seis anos, na periferia de Gaza. Apesar de inicialmente negar ter responsabilidade, Israel mais tarde disse que um ataque aéreo contra militantes naquela área atingiu uma rua. Já na madrugada de hoje, um míssil feriu gravemente quatro militantes no oeste da faixa de Gaza.

Interrupção mútua
O Hamas pediu a Israel que considere abrir negociações para a libertação do soldado Gilad Shalit, 19, cujo seqüestro no último dia 25 foi o estopim da atual crise. "Para sair dessa situação, é preciso retornar à calma, na base de uma interrupção mútua de todas as operações militares", dizia o texto assinado pelo premiê palestino, oferecendo um cessar-fogo.
O Ministério das Relações Exteriores de Israel declarou que o Hamas deve libertar o soldado e suspender os foguetes contra cidades israelenses como um primeiro passo para um acordo. Na semana passada, pela primeira vez uma cidade de porte significativo -Ashkelon, de 115 mil habitantes- foi atingida. Não houve feridos.
"Qualquer um que ignore esses pontos fundamentais não pode ter esperança de resolver a crise", declarou Mark Regev, porta-voz do ministério. O ministro da Segurança Pública de Israel, Avi Dichter, cogita libertar prisioneiros palestinos, como "gesto de boa vontade", sob a promessa de Shalit ser solto. Embora militares discutam a troca de presos, Israel não quer a exposição pública de eventual negociação com o Hamas.
As Nações Unidas culparam ontem os israelenses pela "crise humanitária" na faixa de Gaza, que disse estar, em termos de saúde, "à beira de um desastre". E exigiu o acesso imediato de seus funcionários à região.


Com agências internacionais

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