São Paulo, terça-feira, 09 de agosto de 2011

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DE NOVO, A CRISE

Brasil volta a ficar entre os maiores perdedores

Bovespa derrete 8,08% e tem a maior queda desde outubro de 2008

Dólar dispara, volta a R$ 1,61 e mercado já conta com corte de 0,5 ponto nos juros brasileiros em 2012

TONI SCIARRETTA
GIULIANA VALLONE

DE SÃO PAULO

Mais uma vez, o Brasil foi destaque ontem no noticiário financeiro internacional como um dos mercados de pior desempenho no mundo.
A brasileira BM&FBovespa derreteu ontem mais 8,08%, a pior baixa desde outubro de 2008, só perdendo para a Bolsa de Buenos Aires (-10,73%).
O dia foi de forte nervosismo, em que as principais corretoras e fundos de investimento tiveram de vender ações a qualquer preço para atender aos pedidos de resgate de clientes.
A queda da Bovespa foi mais forte que nos principais países desenvolvidos, o que pode ser explicado, em parte, pelo menor volume de recursos na Bolsa brasileira. Como o valor do mercado doméstico é menor, a tendência é que ele sinta mais as compras e vendas de ações.
Segundo Gilberto Poso, superintendente do HSBC, a Bolsa brasileira foi a que mais perdeu ontem e na semana passada por ser a praça em que os investidores globais mais estavam presentes desde 2008.
Poso afirma que o Brasil é o maior e o mais fácil dos países emergentes para operar ações.
"Não é a primeira vez que isso acontece. Se um investidor global precisa se desfazer de ações, para onde ele vai? Para onde tem mais facilidade. [A derrocada da Bolsa] é mais um problema de posição dos investidores estrangeiros do que de perspectivas das empresas.
Em outras ocasiões, isso também facilita a recuperação e não deixa de ser positivo", disse Poso.
"Uma queda de 5% na Bolsa de Nova York equivale a 10% na Bovespa", disse Jason Vieira, economista da Apregoa. Vieira lembra que o mercado brasileiro é pequeno e que sofre estragos quando os investidores fazem venda maciça de papéis.
"Está cada dia pior do que o outro. Não tem outra palavra além de pânico. Estamos vendo uma grande liquidação de ativos", disse Max Bueno, da Spinelli.

JURO MENOR EM 2012
A derrocada nos mercados globais fez os juros desabarem ontem na BM&F. Em dois dias de negócios, os mercados já vislumbram um corte de mais de 0,5 ponto nos juros no início de 2012. A taxa projetada para janeiro de 2013 (reflete janeiro de 2012) já é de 11,99% -hoje, a Selic é de 12,5%.
No mercado de câmbio, o dólar ultrapassou R$ 1,60 e terminou o dia a R$ 1,61 -alta de 1,44% no dia, a maior desde junho de 2010.
"O mercado está precificando não só o rebaixamento dos EUA, mas também a perspectiva de desaceleração do crescimento mundial. As expectativas estão muito deterioradas, e o mercado trabalha com expectativas", afirmou Osmar Camilo, analista-chefe da Socopa Corretora.
De acordo com Camilo, as desvalorizações de 9,2% de Vale PNA e de 7,6% de Petrobras PN contribuiram para uma baixa maior no Brasil.


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