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Troca de premiê não muda nada, diz analista
Ammar Awad/Reuters
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O premiê palestino apontado, Ahmed Korei, deixa o QG de Arafat em Ramallah, na Cisjordânia |
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
A substituição de Mahmoud
Abbas (mais conhecido como
Abu Mazen) por Ahmed Korei no
cargo de premiê palestino não levará ao fim do atual impasse entre
israelenses e palestinos, diz Jon B.
Alterman, diretor do programa
de Oriente Médio do Centro para
Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), baseado em Washington. Ele também não crê que
o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, esteja fortalecido com a queda de
Mazen, com quem travava uma
dura disputa de poder.
Ex-analista do Departamento
de Estado e ex-professor de Harvard, autor de cinco livros sobre a
região, Alterman diz acreditar
que as duas partes não farão no
curto prazo concessões e que o
máximo que os Estados Unidos
poderão fazer será manter aberta
a porta das negociações.
Leia a seguir os principais trechos de sua entrevista à Folha,
concedida por telefone.
Folha - Iasser Arafat teria dado
uma demonstração de força com a
queda de Mazen?
Jon Alterman - Não foi o caso.
Arafat confiava em Mazen, que
por sua vez se levou muito a sério
e acreditou que o poder estava nas
mãos do primeiro-ministro. Os
Estados Unidos também acreditavam que ele sobreviveria e que o
Parlamento palestino manteria
em banho-maria o voto de confiança.
Folha - O perfil de Korei seria
mais apropriado para o cargo?
Alterman - É um homem hábil,
que tem conseguido administrar
o Parlamento. Mas continua sem
resposta à demanda de Israel e
dos Estados Unidos. A saber: afastar política e fisicamente Iasser
Arafat da liderança palestina.
Folha - Arafat é hábil?
Alterman - Arafat possui um
sentido muito refinado de tática.
Mas não entende absolutamente
nada de estratégia.
Folha - O sr. não apostaria na longevidade de sua liderança?
Alterman - Eu apostaria que
Arafat é até capaz de sair do buraco. Mas que ele permanecerá incapaz de formular uma idéia brilhante sobre os passos a serem dados em seguida.
Folha - Korei seria um dirigente
com a mesma miopia estratégica
de Arafat?
Alterman - O problema não está
tanto nas idéias que ele possa ter,
mas na impossibilidade de poder,
por meio dessas idéias, tirar Arafat do imobilismo.
Folha - Concretamente, eles conseguiriam conter o terrorismo, como exigem Israel e EUA?
Alterman - Os israelenses estão
convencidos de que os palestinos
querem destruí-los, e os palestinos pensam o mesmo dos israelenses. Ambos estão convictos de
que o maior erro que poderiam
agora cometer seria o de fazer
concessões. No curto prazo, nada
de importante acontecerá.
Folha - Que passos os EUA poderiam ou deveriam dar?
Alterman - Creio que o governo
americano tentará impulsionar
iniciativas menores, que consistirão em sublinhar que a saída da
crise atual é política.
Folha - Israel é um Estado, com
uma estrutura consistente de poder. Mas entre os palestinos o poder está fragmentado. Como acabar com o terrorismo?
Alterman - A Autoridade Nacional Palestina pode fazer cessar o
terrorismo. Mas isso seria uma
concessão dentro de um jogo do
qual as concessões estão por enquanto excluídas.
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