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Obama faz discurso crucial ao Congresso
Presidente americano, que vive pior momento desde a posse, defenderá a necessidade de reformar o sistema de saúde
Plano é prioridade no 1º ano do governo do democrata, que vai tentar reverter defecções de partidários, que podem impedir aprovação
DO "FINANCIAL TIMES"
O presidente dos EUA, Barack Obama, deu na segunda-feira uma possível amostra do
discurso decisivo que pronunciará hoje sobre a reforma do
sistema de saúde, em sessão
conjunta do Congresso.
"Tenho uma pergunta para
todo esse pessoal [que se opõe à
reforma]", disse. "O que vocês
vão fazer? Qual é sua solução?
E querem saber de uma coisa?
Eles não têm solução alguma."
Depois de passar pelo pior
mês de seu governo e ostentando índice de aprovação na casa
de 52%, Obama precisará apresentar um desempenho capaz
de virar o jogo nesta noite.
Um mês de ruidosas discussões públicas sobre o tema, em
paralelo ao recesso parlamentar encerrado ontem, parece
ter ajudado a virar a maré da
opinião pública contra a reforma da saúde. De acordo com
"The Hill", um boletim de notícias sobre o Legislativo americano, pelo menos 23 legisladores democratas informaram
aos seus eleitores ou a veículos
de mídia de suas regiões de origem que agora se opõem à reforma da saúde. Seriam necessárias 38 deserções democratas
para derrubar o projeto de lei
na Câmara dos Representantes, que é vista como um cenário muito mais amistoso, do
ponto de vista da Casa Branca,
do que o Senado. Na Casa, bastariam duas deserções para garantir uma derrota do pacote.
As piores resistências à reforma se referem à intenção do governo de criar uma opção pública de cobertura de saúde, hoje inexistente, para atender os
cerca de 50 milhões de americanos descobertos. Oposicionistas da reforma acreditam
que isso resultaria em gastos
excessivos do governo e prejudicaria os planos privados.
Hoje, Obama tentará passar
por cima dos congressistas e
convencer o público diretamente de que a reforma serve
aos interesses nacionais. "Obama tem a oportunidade de mudar os termos do debate e recolocar a reforma da saúde nos
trilhos. Este será o discurso
mais importante de seu governo até hoje", disse o assessor
democrata Howard Wolfson.
Segundo o jornalista Mark
Knoller, Obama já pronunciou
28 discursos ou declarações em
eventos relacionados à reforma
da saúde. E ainda assim as pesquisas indicam que o apoio do
governo está em declínio.
"Não importa o quão bom seja o discurso, o problema está
no conteúdo", diz o republicano Charlie Black. "Os EUA continuam a ser um país de centro-direita, e, se Obama não reconhecer esse fato, o discurso não
mudará nada."
Na véspera do discurso-chave, Obama fez ontem outro
pronunciamento que gerou polêmica, a estudantes de todo o
país, defendendo que se dediquem aos estudos -os oposicionistas o acusaram de querer
doutrinar as crianças.
No fim, respondeu a questões de alunos. A última delas
foi sobre por que os EUA não
têm cobertura universal de
saúde e ao mesmo tempo financiam a sua existência no Iraque
e no Afeganistão. "Bem, essa é a
questão que venho fazendo ao
Congresso, porque acho que
precisamos [da cobertura universal]. E acho que podemos fazê-la", respondeu o presidente.
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