São Paulo, quarta-feira, 09 de setembro de 2009

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Obama faz discurso crucial ao Congresso

Presidente americano, que vive pior momento desde a posse, defenderá a necessidade de reformar o sistema de saúde

Plano é prioridade no 1º ano do governo do democrata, que vai tentar reverter defecções de partidários, que podem impedir aprovação


DO "FINANCIAL TIMES"

O presidente dos EUA, Barack Obama, deu na segunda-feira uma possível amostra do discurso decisivo que pronunciará hoje sobre a reforma do sistema de saúde, em sessão conjunta do Congresso.
"Tenho uma pergunta para todo esse pessoal [que se opõe à reforma]", disse. "O que vocês vão fazer? Qual é sua solução? E querem saber de uma coisa? Eles não têm solução alguma."
Depois de passar pelo pior mês de seu governo e ostentando índice de aprovação na casa de 52%, Obama precisará apresentar um desempenho capaz de virar o jogo nesta noite.
Um mês de ruidosas discussões públicas sobre o tema, em paralelo ao recesso parlamentar encerrado ontem, parece ter ajudado a virar a maré da opinião pública contra a reforma da saúde. De acordo com "The Hill", um boletim de notícias sobre o Legislativo americano, pelo menos 23 legisladores democratas informaram aos seus eleitores ou a veículos de mídia de suas regiões de origem que agora se opõem à reforma da saúde. Seriam necessárias 38 deserções democratas para derrubar o projeto de lei na Câmara dos Representantes, que é vista como um cenário muito mais amistoso, do ponto de vista da Casa Branca, do que o Senado. Na Casa, bastariam duas deserções para garantir uma derrota do pacote.
As piores resistências à reforma se referem à intenção do governo de criar uma opção pública de cobertura de saúde, hoje inexistente, para atender os cerca de 50 milhões de americanos descobertos. Oposicionistas da reforma acreditam que isso resultaria em gastos excessivos do governo e prejudicaria os planos privados.
Hoje, Obama tentará passar por cima dos congressistas e convencer o público diretamente de que a reforma serve aos interesses nacionais. "Obama tem a oportunidade de mudar os termos do debate e recolocar a reforma da saúde nos trilhos. Este será o discurso mais importante de seu governo até hoje", disse o assessor democrata Howard Wolfson.
Segundo o jornalista Mark Knoller, Obama já pronunciou 28 discursos ou declarações em eventos relacionados à reforma da saúde. E ainda assim as pesquisas indicam que o apoio do governo está em declínio.
"Não importa o quão bom seja o discurso, o problema está no conteúdo", diz o republicano Charlie Black. "Os EUA continuam a ser um país de centro-direita, e, se Obama não reconhecer esse fato, o discurso não mudará nada."
Na véspera do discurso-chave, Obama fez ontem outro pronunciamento que gerou polêmica, a estudantes de todo o país, defendendo que se dediquem aos estudos -os oposicionistas o acusaram de querer doutrinar as crianças.
No fim, respondeu a questões de alunos. A última delas foi sobre por que os EUA não têm cobertura universal de saúde e ao mesmo tempo financiam a sua existência no Iraque e no Afeganistão. "Bem, essa é a questão que venho fazendo ao Congresso, porque acho que precisamos [da cobertura universal]. E acho que podemos fazê-la", respondeu o presidente.


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