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Para Fidel, modelo cubano está superado
Ex-ditador cubano afirma em entrevista que sistema implantado por ele mesmo nos anos 60 "não funciona"
Declaração, feita ao "The Atlantic", é vista como uma chancela às reformas promovidas por seu irmão, Raúl
DE SÃO PAULO
O ex-ditador cubano Fidel
Castro, 84, disse a um jornalista americano que o modelo
econômico do país não "funciona mais".
Foi em um almoço em Havana, onde Castro, que saiu
do poder após problemas no
estômago, comeu salada,
peixe, pães com azeite e tomou uma taça de vinho.
"Eu perguntei a ele se acreditava que o modelo cubano
ainda era algo válido de ser
exportado. "O modelo cubano nem funciona mais", ele
disse", escreveu Jeffrey Goldberg ao jornal "The Atlantic".
Segundo o repórter, Castro
o convidou para ir a Cuba
após ler um artigo seu sobre
Irã e Israel. O ex-comandante
cubano queria discutir suas
ideias com o jornalista. Goldberg levou uma especialista
em Cuba do Council on Foreign Relations, Julia Sweig.
De acordo com ele, a especialista interpretou a crítica
de Castro ao próprio modelo
econômico que fundou e
construiu como uma autorização de Castro às reformas
econômicas de Cuba que seu
irmão, Raúl, iniciou.
Entre elas, a privatização
de pequenos negócios e a
permissão para que estrangeiros comprem imóveis.
"Ele não estava rejeitando
as ideias da revolução [cubana]. Eu interpretei isso como
um entendimento de que,
sob o modelo cubano, o Estado tem um papel muito grande na vida econômica do
país", concluiu Sweig.
IRÃ E OS JUDEUS
Recentemente, Fidel publicou críticas à escalada de
acusações entre EUA e Israel
e chegou a anunciar uma
guerra nuclear em breve,
mas voltou atrás.
Por meio do jornalista
americano, ele mandou um
recado para o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad: "pare de caluniar os judeus".
O comunista criticou Ahmadinejad por negar o Holocausto e explicou que o governo iraniano faria mais pela paz se reconhecesse a história "única" dos judeus,
que, segundo ele, tiveram
uma "existência muito mais
difícil do que a nossa".
"Eu acho que ninguém foi
tão caluniado quanto os judeus. Eu diria que ele foram
muito mais do que os muçulmanos", disse Castro. O jornalista então perguntou se
ele diria aquilo diretamente
ao presidente iraniano. "Estou dizendo isso para que você comunique", respondeu.
Fidel também falou sobre
a crise dos mísseis, quando
os EUA descobriram que Cuba tinha ogivas nucleares aptas a bombardear os EUA.
Na época, ele foi a favor do
ataque. Hoje, diz que Obama
pode "reagir exageradamente" a um conflito com o Irã e
gerar uma guerra nuclear.
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