|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Israel estuda ceder parte de Jerusalém aos palestinos
Vice do premiê Olmert levanta a sugestão; EUA pressionam por concessões que permitam um acordo na conferência de Maryland
DA REDAÇÃO
A redivisão de Jerusalém, para permitir que um futuro Estado Palestino exerça alguma forma de soberania no setor Oriental, entrou ontem na pauta das discussões de Israel com
uma declaração do vice-premiê
Haim Ramon. Ele disse que
concordaria com essa transferência aos palestinos -excluindo o distrito histórico, onde estão o Muro das Lamentações e a mesquita de Al Aqsa.
A declaração coincide com a
abertura, dentro de Israel, mas
em local mantido sob sigilo, das
negociações entre emissários
do primeiro-ministro Ehud Olmert e do presidente palestino,
Mahmoud Abbas, para a redação de um projeto a ser firmado
em novembro numa conferência de paz na cidade americana
de Annapolis, Maryland.
Sem entrar em detalhes sobre as concessões, Olmert afirmou que se engajaria "num
enérgico processo diplomático" com Abbas, a quem dignificou como interlocutor.
"Os atuais dirigentes palestinos não são terroristas. Acredito que seguirão em frente em
nossa companhia." Citou "decisões inevitáveis", sem especificar quais seriam.
Olmert discursava na abertura da sessão do Parlamento.
Seu pronunciamento foi entrecortado por gritos da bancada
da direita laica e dos partidos
religiosos, que protestavam
contra o plano embrionário de
entregar parte de Jerusalém.
Jogo cruzado
Referindo-se à possibilidade
de devolução dos assentamentos judeus na Cisjordânia, o líder do partido Likud, Binyamin
Netanyahu, disse que "o Exército israelense deixa um território, que em seguida será ocupado pelo Hamas", grupo radical islâmico que venceu a eleição de 2006 mas que acabou
excluído do poder por Abbas.
Há em todo esse cenário um
jogo cruzado de múltiplos movimentos. Os Estados Unidos,
que pressionam Israel a concessões, não querem que o
eventual fracasso da conferência de Annapolis subtraia do
currículo do presidente George
W. Bush seu único sucesso diplomático no Oriente Médio.
Olmert está enfraquecido pelas denúncias de corrupção e
pela desastrada campanha no
sul do Líbano em 2006. Um
acordo de paz lhe daria sobrevivência política. Quanto a Abbas, ele precisa da condescendência de Olmert para provar
aos palestinos que a diplomacia
-e não a violência do Hamas-
é o único método para garantir
a paz e mais ganhos territoriais.
Jordânia na parceria
Em Washington, a Casa
Branca não quis comentar possíveis negociações envolvendo
Jerusalém. Um assessor de Abbas disse à Reuters que os principais tópicos em negociação
são o estatuto de Jerusalém, as
fronteiras do futuro Estado palestino e a questão dos refugiados. Segundo o informante, Israel não quer fixar prazos.
Jerusalém Oriental, inclusive os locais sagrados para as
três religiões monoteístas, era
até 1967 território sob controle
da Jordânia. Foi conquistado
durante a Guerra dos Seis Dias.
A indivisibilidade da cidade e
sua preservação sob soberania
israelense eram até agora dois
relativos consensos no país.
Em Londres, o "Times" diz
que o Yisrael Beiteinu, partido
conservador que integra o gabinete de Olmert, apóia concessões quanto a Jerusalém. O jornal britânico ainda diz que a
Jordânia participa dos entendimentos preliminares.
Um porta-voz de Amã citou
"uma chuva de idéias" que pode
irrigar o processo de paz. O jornal palestino "Al Qudz al Arabi", impresso em Londres, disse que Olmert concordou com a
sugestão de Abbas para que a
coroa jordaniana assuma a custódia de uma parte da cidade.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Britânicos tirarão 2.500 soldados do Iraque em 2008 Próximo Texto: Curdos: Turquia anuncia "medidas fortes" contra rebeldes Índice
|