São Paulo, terça-feira, 09 de outubro de 2007

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Ato pelo 40º aniversário da morte de Che opõe Evo e Exército na Bolívia

DA REDAÇÃO

Militantes e turistas acompanharam ontem homenagem a Che Guevara no distrito de Vallegrande, onde há 40 anos o revolucionário argentino foi morto. A cerimonia contou com a presença do presidente boliviano, Evo Morales -que afirmou ser "guevarista"-, sobreviventes da guerrilha comandada por Che e de milhares de admiradores e ativistas de movimentos sociais, inclusive do MST, que organizará hoje um encontro político, religioso e cultural.
Desde sexta, a localidade de La Higuera, onde o argentino foi capturado, reúne fervorosos admiradores no 2º Encontro Mundial Che Guevara. "Ele é um ícone da juventude", diz a venezuelana Elidimar Machiques, 27. Ela viajou especialmente para a comemoração e fez a pé, em romaria com 50 devotos, os 60 km entre La Higuera e Vallegrande, onde o corpo do revolucionário ficou exposto antes de ser enterrado numa vala comum.
A presença de Morales no evento provocou polêmica entre os militares bolivianos, que em alguns quartéis prestaram homenagem aos soldados mortos na luta contra a guerrilha.
O general Wilfredo Vargas, chefe das Forças Armadas, disse ao jornal "La Razón" que os militares "respeitam" a participação de Morales nas homenagens, mas têm outra forma de pensar. "Achamos que é obrigação das Forças Armadas enfrentar qualquer qualquer grupo insurgente no país. Isso está na Constituição", afirmou o general. Em 9 de outubro de 1967, Che foi executado sumariamente pelo Exército boliviano, como inimigo de Estado.
Entre os presentes em Vallegrande, houve quem não aplaudisse a organização do evento -mas jamais o homenageado. Nadine Crauzas, 47, criticou os cubanos por "monopolizar a memória de Che". A delegação do país teria tentado impedir a venda de obras das crianças da organização coordenada por Crauzas para evitar a "comercialização" do revolucionário.
"Cuba me decepcionou. Entendo porque Che abandonou a ilha", disse, em referência a carta escrita pelo guerrilheiro na qual ele renuncia à cidadania cubana.
O episódio, até hoje pouco esclarecido, não ofuscou diversas homenagens na ilha, onde Che é tido como herói nacional por seu papel na Revolução Cubana (1959).
A cerimônia principal ocorreu em Santa Clara, cidade na qual foi travada batalha decisiva para a vitória dos guerrilheiros e onde Che foi enterrado num mausoléu há dez anos, após buscas por seu corpo na Bolívia.
Foi aberta com a leitura de uma mensagem do convalescente Fidel Castro, que agradeceu ao "semeador de consciências". Na platéia, seu irmão Raúl Castro, à frente do regime cubano desde julho de 2006, a viúva de Che, Aleida March, e os filhos do casal.


Com agências internacionais

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