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Rússia propõe bloco que neutralize EUA
Presidente Medvedev critica Washington e prega tratado militar centrado na Europa e avesso à lógica da Guerra Fria
Americanos não comentam,
mas presidente Sarkozy diz
que idéia só iria adiante caso
Washington a apoiasse e se
tornasse um participante
DA REDAÇÃO
O presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, lançou ontem a
idéia de um tratado internacional de segurança, "baseado no
princípio da inadmissibilidade
do uso da ameaça e da força".
Também criticou duramente
os Estados Unidos, em razão da
"determinação de reforçar sua
dominação global".
Ele discursou na cidade francesa de Evian e criticou a "mentalidade da Guerra Fria" que, a
seu ver, ainda predomina no
governo americano.
Nicolas Sarkozy, o presidente francês, disse acreditar na
consistência de um novo tratado, mas afirmou que ele não poderia ser implantado sem o
acordo explícito e a participação dos Estados Unidos.
A seu ver, a idéia de Medvedev precisaria conviver com as
duas estruturas de defesa existentes -a Otan, aliança militar
ocidental, e a OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa)- e convidou
a Rússia a participar das forças
de paz que a União Européia
mantém no Chade.
A proposta de Medvedev retoma um projeto apresentado
no ano passado, em Munique,
por seu predecessor, Vladimir
Putin. Ele se referiu a um tratado de defesa que englobaria de
Vancouver, no oeste canadense, a Vladivostok, cidade russa
no litoral do Pacífico.
Predominância dos EUA
"Nenhum Estado e nenhuma
única organização internacional possui os direitos exclusivos de manter a paz e a estabilidade na Europa", afirmou ontem o presidente russo. Disse
que o tratado proposto não
substituirá organismos já existentes. Mas deu claramente a
entender que seu propósito é
neutralizar o oligopólio militar
dos Estados Unidos.
Analistas acreditam que dificilmente Washington concordaria em diluir sua autoridade
numa nova aliança com a Rússia, país com o qual tem hoje relações turbulenta, em razão do
conflito de agosto na Geórgia.
Medvedev disse que o governo norte-americano perdeu a
oportunidade proporcionada
pelo 11 de Setembro de construir relações internacionais
harmônicas e baseadas na democracia. Criticou o unilateralismo da invasão do Iraque e
ainda o projeto do Pentágono
de construir na Polônia e na
República Tcheca um escudo
antimísseis.
Disse ainda que a Otan foi
ampliada de modo a incomodar
seu país. Dos atuais 26 membros da aliança, vieram da antiga esfera de influência soviética
a Bulgária, a República Tcheca,
as três Repúblicas bálticas (Estônia, Letônia e Lituânia), a
Hungria, a Polônia, a Romênia,
a Eslováquia e a Eslovênia. A
Otan também trabalha com a
possibilidade de adesão da
Ucrânia e da Geórgia, o que leva
o Kremlin a se sentir cercado.
Retirada da Geórgia
Os últimos soldados russos
estacionados na Geórgia recuaram ontem para os territórios
separatistas da Ossétia do Sul e
da Abkházia, confirmou o Ministério do Interior georgiano.
O general russo Marat Kulakhmetov também disse que a
retirada havia sido completada.
O presidente russo, Dmitri
Medvedev, afirmara horas antes, na França, que seus militares cumpririam a promessa de
se retirar até a meia-noite, dois
dias antes do prazo fixado pelo
plano negociado, em nome da
União Européia, pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy.
Soldados russos permanecem na cidade de Akhalgori,
junto à Ossétia do Sul, e em Kodori Gorge, junto à Abkházia.
As duas cidades, argumenta
Moscou, pertencem aos dois
territórios autonomistas, o que
é contestado pela Geórgia.
Com agências internacionais
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