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Zuma faz ao Brasil 2ª visita de Estado no cargo e prega aliança
Presidente sul-africano defende parceria como "âncora" para desenvolver os continentes
AMARO GRASSI
DA REDAÇÃO
O presidente da África do Sul,
Jacob Zuma, pregou ontem em
um evento empresarial em São
Paulo a necessidade de elevar
as relações com o Brasil ao nível de uma parceria estratégica
que cumpra papel de "âncora"
de nova ordem política global.
Ecoando uma diretriz cara à
diplomacia do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Zuma defendeu o fortalecimento das chamadas relações
Sul-Sul e elencou os dois países
mais a Índia -que integram o
grupo Ibas (Índia, Brasil e África do Sul)- como os motores
do desenvolvimento futuro de
seus respectivos continentes.
A retórica do presidente sul-africano é reforçada ainda pelo
simbolismo da escolha do Brasil como segundo destino -primeiro fora da África, e à exceção de cúpulas multilaterais-
de uma visita de Estado desde
que assumiu o cargo, em maio.
"Por décadas, os principais
parceiros comerciais da África
do Sul -bem como do resto do
mundo em desenvolvimento-
foram países do Norte", disse
Zuma à plateia de empresários
brasileiros e sul-africanos. "Isso agora já começou a mudar."
Traçando paralelo entre os
papéis regionais de liderança
exercidos por África do Sul e
Brasil, Zuma defendeu para a
parceria a função de linha de
frente na integração política e
econômica entre os continentes, ressaltando a recente realização da 2ª cúpula América do
Sul-África (ASA) na Venezuela.
Além do front econômico
-os dois países fazem parte do
G20-, Brasil e África do Sul integram o grupo de países que
postulam assento permanente
no Conselho de Segurança da
ONU após eventual reforma.
Zuma, que chegara na véspera a São Paulo, reuniu-se ontem
também com o governador José Serra. No encontro, segundo
Serra, foram abordados, entre
outros temas, a Copa do Mundo-2010, a ser realizada na África do Sul, e combate à Aids, que
assola 18% dos sul-africanos.
Hoje, o sul-africano tem encontro em Brasília com o presidente Lula. Segundo Zuma, os
temas de interesse da África do
Sul no país são sobretudo energia, tecnologia de informação,
mineração, infraestrutura e indústria farmacêutica -área em
que, disse, o Brasil é "pioneiro".
Eleito sob desconfianças do
empresariado, Zuma -como
Lula, ex-sindicalista- assumiu
prometendo manter a política
econômica do antecessor Thabo Mbeki, responsável pelo
crescimento recente do país.
Atualmente, no entanto, o
presidente sul-africano enfrenta protestos e greves devido ao
aumento recente do desemprego e à primeira recessão desde
os anos 90 no país, fortemente
atingido pela crise econômica.
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