São Paulo, sexta-feira, 09 de outubro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Zuma faz ao Brasil 2ª visita de Estado no cargo e prega aliança

Presidente sul-africano defende parceria como "âncora" para desenvolver os continentes

AMARO GRASSI
DA REDAÇÃO

O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, pregou ontem em um evento empresarial em São Paulo a necessidade de elevar as relações com o Brasil ao nível de uma parceria estratégica que cumpra papel de "âncora" de nova ordem política global.
Ecoando uma diretriz cara à diplomacia do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Zuma defendeu o fortalecimento das chamadas relações Sul-Sul e elencou os dois países mais a Índia -que integram o grupo Ibas (Índia, Brasil e África do Sul)- como os motores do desenvolvimento futuro de seus respectivos continentes.
A retórica do presidente sul-africano é reforçada ainda pelo simbolismo da escolha do Brasil como segundo destino -primeiro fora da África, e à exceção de cúpulas multilaterais- de uma visita de Estado desde que assumiu o cargo, em maio.
"Por décadas, os principais parceiros comerciais da África do Sul -bem como do resto do mundo em desenvolvimento- foram países do Norte", disse Zuma à plateia de empresários brasileiros e sul-africanos. "Isso agora já começou a mudar."
Traçando paralelo entre os papéis regionais de liderança exercidos por África do Sul e Brasil, Zuma defendeu para a parceria a função de linha de frente na integração política e econômica entre os continentes, ressaltando a recente realização da 2ª cúpula América do Sul-África (ASA) na Venezuela.
Além do front econômico -os dois países fazem parte do G20-, Brasil e África do Sul integram o grupo de países que postulam assento permanente no Conselho de Segurança da ONU após eventual reforma.
Zuma, que chegara na véspera a São Paulo, reuniu-se ontem também com o governador José Serra. No encontro, segundo Serra, foram abordados, entre outros temas, a Copa do Mundo-2010, a ser realizada na África do Sul, e combate à Aids, que assola 18% dos sul-africanos.
Hoje, o sul-africano tem encontro em Brasília com o presidente Lula. Segundo Zuma, os temas de interesse da África do Sul no país são sobretudo energia, tecnologia de informação, mineração, infraestrutura e indústria farmacêutica -área em que, disse, o Brasil é "pioneiro".
Eleito sob desconfianças do empresariado, Zuma -como Lula, ex-sindicalista- assumiu prometendo manter a política econômica do antecessor Thabo Mbeki, responsável pelo crescimento recente do país.
Atualmente, no entanto, o presidente sul-africano enfrenta protestos e greves devido ao aumento recente do desemprego e à primeira recessão desde os anos 90 no país, fortemente atingido pela crise econômica.


Texto Anterior: Ataque mata 17 em Cabul, e EUA revisam sua atuação no país
Próximo Texto: Demografia: Islã é religião de 23% do mundo, aponta estudo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.