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IRAQUE NA MIRA
Conselho de Segurança da ONU aprova resolução que exige desarmamento; França e Rússia esperam evitar guerra
EUA obtêm unanimidade contra Saddam
DA REDAÇÃO
O Conselho de Segurança (CS)
da ONU aprovou unanimemente
ontem uma nova resolução sobre
o Iraque para forçar o ditador iraquiano Saddam Hussein a desarmar seu país ou enfrentar "sérias
consequências", o que quase certamente significa uma guerra.
O presidente dos EUA, George
W. Bush, voltou a ameaçar Saddam, dizendo que ele enfrentará
"as mais severas consequências"
se não eliminar todos os programas de armas químicas, biológicas e nucleares do Iraque.
"O resultado da crise atual já está determinado. O desarmamento
integral das armas de destruição
em massa vai ocorrer. A única
questão para o regime iraquiano é
decidir como", disse Bush. "Sua
cooperação deve ser imediata e
incondicional, ou ele enfrentará
as mais severas consequências."
A votação da resolução 1441
ocorreu após oito semanas de negociações difíceis e foi vista como
uma vitória para os EUA, que a
propuseram com o Reino Unido.
Saddam tem até o dia 15 para
aceitar cumprir a resolução.
O chefe dos inspetores de armas
da ONU, Hans Blix, disse que
uma equipe de técnicos chegará a
Bagdá no dia 18 após quatro anos
de ausência. A retomada das inspeções deve ocorrer em até 45
dias, e a apresentação de um relatório ao CS pelos inspetores, em
até 60 dias a partir de então.
A Rússia, que exigiu a reformulação do texto anterior, disse estar
satisfeita com o fato de que a
ameaça de guerra foi retirada.
"O mais importante é que a resolução põe de lado a ameaça direta de guerra" e abre caminho
para "um acordo diplomático",
afirmou o embaixador da Rússia
na ONU, Serguei Lavrov. Logo
antes da votação, o vice-chanceler
russo, Yuri Fedotov, dissera que a
resolução ainda não era ideal.
A França, que também se opunha ao texto anterior da resolução, afirmou estar satisfeita pelo
fato de o CS ter dado a Saddam
uma chance de se desarmar. "[A
resolução] oferece ao Iraque uma
chance de se desarmar em paz",
disse o presidente francês, Jacques Chirac. "A mensagem da comunidade internacional é clara:
ela se uniu para dizer ao Iraque
que chegou a hora de cooperar
plenamente com a ONU."
Após a votação, o embaixador
dos EUA na ONU, John Negroponte, afirmou: "Essa resolução
foi feita para testar as intenções do
Iraque". Ele disse que não havia
"nenhum gatilho oculto" na resolução, ou seja, que permita o uso
automático da força contra o Iraque se o país não cooperar. Ele enfatizou que, se os inspetores relatarem violações por parte do Iraque, a questão volta para o CS e que, apenas se o CS decidir não
agir, os EUA o farão.
Apesar de os EUA terem feito
diversas concessões aos críticos
de sua proposta original de resolução, o texto final mantém as
principais exigências do governo
Bush: endurecer o regime de inspeções e deixar os EUA livres para
realizarem ações militares contra
o Iraque caso os inspetores digam
que Bagdá não está cooperando.
Por insistência da França e da
Rússia, o CS deve se reunir para
discutir quaisquer violações relatadas e considerar a possibilidade
de tomar medidas adicionais.
Mas a resolução não diz nada que
proíba os EUA de atacarem então.
A unanimidade do CS foi uma
surpresa -a Síria havia se oposto
ao texto inicialmente, e a Rússia
não afirmou até o último momento se votaria a favor ou se absteria.
O vice-embaixador da Síria na
ONU, Faysall Mekdad, afirmou
que seu país votou com um "sim"
após ser assegurado de que "essa
resolução não seria usada como
pretexto para atacar o Iraque".
A Alemanha, que se opõe firmemente a ações militares unilaterais dos EUA, declarou que o ditador iraquiano agora não pode
mais ter dúvidas sobre o futuro de
seus programas de armas.
"A resolução é um sinal claro
para Bagdá: Saddam precisa entender quais são as sérias consequências que o não cumprimento
da resolução implicaria", disse o
ministro das Relações Exteriores
da Alemanha, Joschka Fischer.
O premiê britânico, Tony Blair,
advertiu Saddam de que ele enfrentará ações militares se não
cumprir as exigências do CS.
"Desafie a ONU, e nós o desarmaremos à força", afirmou Blair.
"Não tenha nenhuma dúvida
quanto a isso." Mas o premiê disse que a resolução não necessariamente levaria a uma guerra. "Um
conflito não é inevitável, mas o
desarmamento é."
O secretário-geral da ONU, Kofi
Annan, afirmou que Bagdá deveria cooperar com o CS para proteger o povo iraquiano.
"O Iraque tem uma nova oportunidade. Eu exorto a liderança
iraquiana a aproveitá-la e, assim,
começar a dar fim ao isolamento e
sofrimento do povo iraquiano."
A Liga Árabe, que tem uma reunião de seus chanceleres marcada
para hoje no Egito, não deve se
opor à resolução. "Sempre respeitamos as resoluções do CS. Muitos países árabes já indicaram
que, uma vez que o CS a aprovasse, a resolução seria respeitada",
disse Hisham Youssef, porta-voz
da Liga Árabe.
Israel expressou seu apoio à resolução e elogiou Bush.
Segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de
Israel, Ron Prosor, o chanceler israelense, Benjamin Netanyahu
disse que "Israel apóia a resolução
do CS sobre o Iraque e valoriza a
determinação do presidente Bush
em liderar o processo".
Com agências internacionais
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