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SUCESSÃO NOS EUA / A PARTILHA
Grupos disputam nacos do poder sob Obama
Sindicatos cobram fatura de dinheiro investido na campanha do democrata; grupos empresariais temem ambiente hostil
Com novo mapa político, ganham setores como os de biotecnologia e energia limpa; petróleo perde, mas defesa poderá sair ilesa
SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A CHICAGO
De um lado, centrais sindicais como a SEIU (União Internacional dos Empregados de
Serviços, na sigla em inglês),
que gastaram US$ 400 milhões
na campanha presidencial de
Barack Obama e em outras disputas pelos EUA para eleger
democratas. De outro, associações empresariais como a Câmara de Comércio, que sozinha
investiu US$ 50 milhões em
doações a candidatos republicanos ao Senado.
Agora, esses e outros grupos
querem seu pedaço no novo
mapa do poder que se desenha
em Washington. Andy Stern,
presidente da SEIU, espera que
a legislação trabalhista seja flexibilizada para permitir maior
liberdade para formação de
sindicatos.
"Começando nesta noite, nós
vamos trabalhar com nossos líderes eleitos para estabelecer
uma agenda clara para reconstruir a classe média, consertar
nosso sistema de saúde pública
e dar aos trabalhadores uma
voz forte", disse ele no dia da
eleição. A SEIU tem 2 milhões
de filiados e é a central sindical
que mais cresce nos EUA.
No mesmo dia, a Câmara de
Comércio dos EUA comemorava o fato de os democratas não
terem atingido a maioria de 60
cadeiras no Senado necessárias
para evitar obstrução legislativa da minoria republicana. A
entidade, que reúne 3 milhões
de empresas, é contra propostas como o pagamento de dias
não trabalhados por doença.
"Nossa meta número um era
um Senado onde seria possível
fazer uma coalizão vitoriosa
para passar boas leis e, se necessário, manter a obstrução
para brecar as propostas mais
danosas às empresas", diz seu
presidente, Thomas Donohue.
Na campanha, Obama indicou que deve apoiar a legislação
desejada pelos sindicatos. Se
vai manter a promessa após a
posse, em 20 de janeiro, não se
sabe. Mas mostrou para que lado vai o pêndulo obamista na
questão. Como essa, há outras
questões em que fica claro
quais grupos perdem e quais
ganham sob a nova gestão.
Na primeira turma, estão indústrias de energia limpa e de
biotecnologia -ao contrário de
George W. Bush, Obama é a favor de pesquisas com célula-tronco, por exemplo. Na segunda, a indústria armamentista
-o presidente eleito promete
começar a retirar a maior parte
das tropas do Iraque assim que
assumir. É claro que nem tudo
é tão preto no branco.
É o caso da própria indústria
da defesa. Obama disse que sairá do Iraque, que já custa US$
600 bilhões ao país, mas redirecionará recursos para o Afeganistão, onde ele acredita que
está o verdadeiro palco da chamada "guerra ao terror".
Como resumiu Jeffrey Immelt, CEO da GE, em palestra
recente em Nova York: "Se você
acha que não vamos ter mais
regulação em novas áreas além
da financeira, está maluco",
afirmou, para citar saúde pública, energia e outras áreas. "Isso
não é necessariamente negativo. Pode ser catalisador para
outras mudanças."
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