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Reforma da saúde de Obama avança para Senado dos EUA
Câmara aprovou projeto após uma votação apertada na noite do último sábado
Presidente agradeceu aos
parlamentares pelo "voto
corajoso" e afirmou que
pretende assinar a nova lei
antes do final deste ano
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
Depois de uma vitória histórica na Câmara dos Representantes que pode mudar substancialmente o sistema de saúde nos EUA, o Partido Democrata, do presidente Barack
Obama, já se prepara para tentar aprovar a nova legislação no
Senado, onde tem uma maioria
sem espaço para defecções.
Na noite do último sábado, a
Câmara fez passar por 220 votos a favor (de 218 necessários)
e 215 contra um projeto acalentado há décadas entre os democratas. Ele propõe universalizar o seguro-saúde nos EUA.
A proposta encontra enorme
resistência entre os republicanos e deve custar US$ 1,1 trilhão (o equivalente a 7% do PIB
dos EUA). A quantia seria gasta
nos próximos dez anos.
Confiante, Obama afirma
querer assinar a lei, assim que
aprovada no Senado, até o final
deste ano. O projeto é sua prioridade na agenda doméstica,
assim como foi a do ex-presidente democrata Bill Clinton
(1993-2001), que nunca conseguiu fazer passar uma legislação tão ambiciosa.
Na prática, o plano prevê que
todos os americanos tenham
seguro-saúde e que todas as
empresas no país ofereçam o
benefício a seus funcionários.
Cerca de 36 milhões de pessoas
passariam a contar com assistência médica. A multa para
empresas que deixarem de prover seguro a seus empregados
será equivalente a 8% do valor
total da folha de pagamento.
O projeto proíbe as seguradoras de negar cobertura a
quem já tenha doença e de aumentar encargos caso o segurado adoeça. Prevê ainda a chamada opção pública, uma espécie de seguradora estatal onde
pequenas empresas e indivíduos possam comprar planos.
O financiamento ao projeto
viria, em boa parte, de um aumento de impostos para casais
que ganham mais de US$ 1 milhão por ano e de indivíduos
com rendimentos maiores do
que US$ 500 mil/ano.
Oposição
Os republicanos se dizem
contra não apenas o aumento
da taxação como o que chamam
de "nova ingerência" do setor
público em um segmento privado que movimenta trilhões
de dólares. Dizem temer ainda
que a participação do Estado
acabe distorcendo esse gigantesco mercado.
Na votação na Câmara, apenas um republicano votou a favor do projeto, um calhamaço
de 2.000 páginas -39 democratas se posicionaram contra.
Para conquistar a maioria na
votação, a líder dos democratas
na Câmara, Nancy Pelosi, foi
obrigada a concordar em colocar no projeto a proibição de
que novos segurados com subsídio estatal possam usar seus
planos para realizar abortos.
Pelosi é historicamente defensora do direito de abortar.
Diferentemente da Câmara,
onde democratas têm folgada
maioria, o partido conta com
exatos 60 de 100 senadores. É o
número mínimo para a aprovação de qualquer lei.
No caso da nova lei para a
saúde, o Senado votará outro
projeto, com pontos em comum. Se aprovado, os dois planos são fundidos de comum
acordo posteriormente.
Mas mesmo entre os senadores democratas, há quem não
concorde com um programa de
seguro-saúde estatal. São eles
que terão de ser convencidos
do contrário nos próximos dias
pelo presidente Obama e por
seu próprio partido.
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