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EUA pedem Índia no Conselho de Segurança
Gesto de Obama desagrada Paquistão e amplia contencioso com China, que não quer rivais regionais no órgão
Para Washington, apoio reforça aproximação com Nova Déli; projetos divergentes travam ampliação do CS
Jim Young/Poo/France Presse
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O presidente Barack Obama ao lado do premiê indiano, Manmohan Singh, após discursar no Parlamento em Nova Déli
DAS AGÊNCIAS NOTÍCIAS
O presidente americano,
Barack Obama, anunciou ontem em Nova Déli o apoio dos
EUA à candidatura da Índia a
uma cadeira permanente no
Conselho de Segurança das
Nações Unidas, quando o órgão formalmente responsável pela paz e a segurança internacionais for reformado.
O apoio visa reforçar a
aproximação bilateral que
ocorre desde o início da década e aumenta a lista de contenciosos entre EUA e China,
que resiste à possibilidade de
ascensão ao CS de dois rivais
regionais -Índia e Japão.
Também repercutiu mal
na relação entre EUA e Paquistão -aliado desde a
Guerra Fria, mas que já foi
desprestigiado quando Washington assinou, em 2005,
acordo de cooperação nuclear civil que na prática reconheceu a Índia como potência atômica não signatária do Tratado de Não Proliferação, deferência que Islamabad não teve.
"A ordem internacional
justa e sustentável que a
América busca inclui uma
ONU que seja eficiente, efetiva, crível e legítima", disse
Obama, ontem, após proclamar que a Índia "já emergiu".
"Por isso posso dizer hoje
que, nos próximos anos, torcerei por um Conselho de Segurança que inclua a Índia
como membro permanente."
Nem Obama nem os assessores que o acompanham falaram em prazo para a reforma do CS. "Será um processo
muito difícil que pode levar
muito tempo", disse ao "New
York Times" o subsecretário
de Estado para Assuntos Políticos, William Burns.
No governo George W.
Bush (2001-2009), os EUA já
haviam apoiado formalmente o Japão, mas não Brasil
nem Alemanha.
Esses três países mais a Índia formam o G4, que propõe
que o número de membros
permanentes do CS seja ampliado de cinco (EUA, China,
Rússia, França e Reino Unido) para 10 ou 11, com a inclusão dos quatro mais um
ou dois africanos.
Há vários modelos de reforma em competição, mas o
apoio dos EUA à Índia foi interpretado como indicação
de preferência americana pela proposta do G4.
Em resposta a Obama, o
premiê indiano, Manmohan
Singh, disse que os dois países decidiram "acelerar o
aprofundamento dos laços
para trabalhar como iguais
numa relação estratégica".
Para Stewart Patrick, do
Council on Foreign Relations, os EUA têm interesse
em ampliar o CS para dividir
"privilégios e ônus" da liderança global. "A melhor época para um Estado dominante ceder algum poder aos que
ascendem é quando ainda
podem ditar os termos da
mudança", disse Patrick, para quem Washington deveria
apoiar a fórmula do G4.
A Índia ocupará uma das
dez vagas não permanentes
em 2011, com a Alemanha e o
Brasil, eleito em 2009 para
mandato de dois anos.
O Paquistão criticou a declaração de Obama, relacionando-a indiretamente à disputa entre EUA e China.
"O Paquistão espera que
os EUA adotem uma posição
moral, e não se baseie numa
necessidade temporária ou
em exigências da política do
poder", disse um porta-voz
da Chanceleria.
Para contrabalançar o
acordo nuclear EUA-Índia,
Pequim firmou pacto para a
construção de usinas nucleares de energia no Paquistão.
Os EUA também assinaram,
em julho, acordo de cooperação atômica com o Vietnã,
outro rival dos chineses.
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