São Paulo, quarta-feira, 09 de novembro de 2011

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Espanha deve eleger premiê conservador

Mariano Rajoy, 56, é favorito na eleição do próximo dia 20; crise econômica beneficia o rival do governo socialista

Tido como um político sem carisma e duas vezes derrotado em pleitos anteriores, ele é visto como 'a mudança'

LUISA BELCHIOR

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MADRI

Ele é conservador, pouco carismático e nunca teve um cargo eleito por voto popular. Mesmo assim, Mariano Rajoy, 56, deve se tornar em breve o próximo premiê espanhol.
Pesquisas de opinião apontam Rajoy, candidato pelo conservador Partido Popular e líder da oposição, como favorito à eleição que ocorre no próximo dia 20. Seu êxito é calcado na crise econômica que afundou o governo do atual premiê, José Luis Rodríguez Zapatero, dizem especialistas ouvidos pela Folha.
Rajoy detém, segundo pesquisa divulgada pelo próprio governo, 46% das intenções de voto. O socialista Alfredo Pérez Rubalcaba, candidato de Zapatero, está com 29%.
O líder da oposição acumula duas frustradas tentativas de chegar a premiê e foi influente no governo de José Maria Aznar, antecessor de Zapatero. Ele iniciou a carreira política na Galícia (norte), onde nasceu e se formou em direito. Foi ministro de quatro diferentes pastas e se tornou vice-premiê em 2000.
Foi candidato pelo Partido Popular em 2004, perdendo para Zapatero, que o derrotou também no pleito seguinte. Na época, a escolha de Rajoy como candidato do PP, feita por Aznar, foi questionada. Seus colegas de partido o viam como pouco carismático e preferiam Rodrigo Rato, que foi diretor do FMI (Fundo Monetário Internacional).
"Acho que ele nunca tem opinião sólida sobre nada e vai sempre contra o governo. Mas passa confiança, porque já estamos descrentes deste governo, que há três anos não consegue tirar o país da crise", opina a administradora Isabel Peralta, 48.
Rajoy se favorece da crise no governo espanhol. Além de entregar o governo com um índice de desemprego recorde na história democrática do país -22%-, Zapatero passou os dois últimos anos implementando impopulares medidas de austeridade.
O voto no candidato conservador será um protesto contra o atual governo, afirma o cientista político Antonio Elorza. "Se não fosse o afundamento de Zapatero, Rajoy nunca seria premiê. É um homem medíocre, pouco imaginativo. Mas joga com o fato de ser a mudança", diz.
Rajoy também associou sua imagem à capacidade de reordenar a administração interna da Espanha, afogada em dívidas. "Para a classe empresarial, ele é a única saída para a Espanha não ter que pedir ajuda à União Europeia", afirma o economista Alberto Urrutia.
Em seu programa, ele promete cumprir as metas impostas pelo bloco e fazer reformas econômicas. Prevê ainda um plano de austeridade nas administrações regionais, mas diz que não fará mais cortes nas políticas de bem-estar social, embora seus críticos duvidem que manterá o compromisso.
Anunciou que pretende rever políticas de igualdade implementadas por Zapatero, como a lei que permite o casamento gay e a que flexibiliza a proibição do aborto.


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