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São Paulo, terça-feira, 09 de dezembro de 2003

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RÚSSIA

Para um deles, a votação, que deu vitória esmagadora ao bloco aliado de Putin, "não atingiu padrões internacionais"

Observadores contestam eleição russa

DA REDAÇÃO

Os aliados do presidente Vladimir Putin conseguiram uma vitória esmagadora nas eleições de domingo na Rússia. Com mais de 98% da apuração concluída para a renovação da Duma (a Câmara Baixa do Parlamento), o partido Rússia Unida tinha 37,1% dos votos. A lisura do pleito, no entanto, foi colocada em dúvida por observadores internacionais e pelo governo dos Estados Unidos.
O Partido Comunista obteve a segunda maior votação, com 12,7% (quase a metade do obtido quatro anos atrás). Depois, com 11,6%, veio o Partido Liberal-Democrático, do líder ultranacionalista Vladimir Jirinovski, que tem votado de acordo com o Kremlin nas principais questões. O Terra-Mãe, partido formado há poucos meses, com o aparente apoio de Putin, conseguiu 9,1%.
Em declarações transmitidas pela TV, o presidente Putin afirmou que as eleições foram "mais um passo no fortalecimento da democracia na Rússia".
Já observadores internacionais fizeram diversas restrições ao processo eleitoral, afirmando que, apesar de livre, a disputa esteve longe de ser justa. As principais críticas foram quanto ao uso de dinheiro público e da televisão estatal com o fim de favorecer os aliados governistas.

"Retrocesso"
Bruce George, diretor da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), disse que o pleito "não atingiu padrões internacionais". "A nossa impressão geral sobre o processo eleitoral é que houve um retrocesso na democratização do país", afirmou George. A organização enviou um grupo de 400 observadores para monitorar a eleição dos 450 novos membros da Duma.
Em Washington, o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, endossou as críticas de George: "A OSCE monitorou as eleições e expressou preocupação quanto à justiça da campanha eleitoral. Nós compartilhamos essas preocupações".
Segundo autoridades eleitorais, o Rússia Unida deve ficar com 222 cadeiras, o Liberal-Democrático com 38 e o Terra-Mãe com 29 -um total de 289, 11 a menos do que os 300 necessários para a formação de uma maioria de dois terços. Os comunistas devem levar 53 cadeiras, e candidatos "independentes", 65. Os números não são definitivos e podem sofrer pequenas alterações.
Se Putin e seus aliados formarem um bloco com dois terços da Duma, estará livre o caminho para a introdução de mudanças na Constituição -incluindo uma ampliação do mandato do presidente ou até mesmo a permissão para que concorra uma terceira vez à Presidência. Porém as emendas ficam condicionadas também à aprovação da Câmara Alta do Parlamento.
O líder comunista, Gennady Zyuganov, classificou as eleições como "um espetáculo nojento, que nada tem a ver com democracia". O chefe do Partido Comunista em Moscou, Alexander Kuvayev, fez acusações de fraude, citando casos de votos atribuídos a eleitores mortos.
Os dois principais partidos liberais, Yabloko e União das Forças de Direita (SPS), fracassaram em atingir a votação mínima de 5% para entrar no Parlamento. O líder da SPS, Boris Nemtsov, também reclamou: "A maioria pertencerá àqueles que defendem um Estado policial, que reprimem as liberdades civis, que combatem a independência do Judiciário".


Com agências internacionais


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