|
Próximo Texto | Índice
RÚSSIA
Para um deles, a votação, que deu vitória esmagadora ao bloco aliado de Putin, "não atingiu padrões internacionais"
Observadores contestam eleição russa
DA REDAÇÃO
Os aliados do presidente Vladimir Putin conseguiram uma vitória esmagadora nas eleições de
domingo na Rússia. Com mais de
98% da apuração concluída para a
renovação da Duma (a Câmara
Baixa do Parlamento), o partido
Rússia Unida tinha 37,1% dos votos. A lisura do pleito, no entanto,
foi colocada em dúvida por observadores internacionais e pelo governo dos Estados Unidos.
O Partido Comunista obteve a
segunda maior votação, com
12,7% (quase a metade do obtido
quatro anos atrás). Depois, com
11,6%, veio o Partido Liberal-Democrático, do líder ultranacionalista Vladimir Jirinovski, que tem
votado de acordo com o Kremlin
nas principais questões. O Terra-Mãe, partido formado há poucos
meses, com o aparente apoio de
Putin, conseguiu 9,1%.
Em declarações transmitidas
pela TV, o presidente Putin afirmou que as eleições foram "mais
um passo no fortalecimento da
democracia na Rússia".
Já observadores internacionais
fizeram diversas restrições ao
processo eleitoral, afirmando que,
apesar de livre, a disputa esteve
longe de ser justa. As principais
críticas foram quanto ao uso de
dinheiro público e da televisão estatal com o fim de favorecer os
aliados governistas.
"Retrocesso"
Bruce George, diretor da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), disse
que o pleito "não atingiu padrões
internacionais". "A nossa impressão geral sobre o processo eleitoral é que houve um retrocesso na
democratização do país", afirmou
George. A organização enviou um
grupo de 400 observadores para
monitorar a eleição dos 450 novos
membros da Duma.
Em Washington, o porta-voz da
Casa Branca, Scott McClellan, endossou as críticas de George: "A
OSCE monitorou as eleições e expressou preocupação quanto à
justiça da campanha eleitoral.
Nós compartilhamos essas preocupações".
Segundo autoridades eleitorais,
o Rússia Unida deve ficar com 222
cadeiras, o Liberal-Democrático
com 38 e o Terra-Mãe com 29
-um total de 289, 11 a menos do
que os 300 necessários para a formação de uma maioria de dois
terços. Os comunistas devem levar 53 cadeiras, e candidatos "independentes", 65. Os números
não são definitivos e podem sofrer pequenas alterações.
Se Putin e seus aliados formarem um bloco com dois terços da
Duma, estará livre o caminho para a introdução de mudanças na
Constituição -incluindo uma
ampliação do mandato do presidente ou até mesmo a permissão
para que concorra uma terceira
vez à Presidência. Porém as
emendas ficam condicionadas
também à aprovação da Câmara
Alta do Parlamento.
O líder comunista, Gennady
Zyuganov, classificou as eleições
como "um espetáculo nojento,
que nada tem a ver com democracia". O chefe do Partido Comunista em Moscou, Alexander Kuvayev, fez acusações de fraude, citando casos de votos atribuídos a
eleitores mortos.
Os dois principais partidos liberais, Yabloko e União das Forças
de Direita (SPS), fracassaram em
atingir a votação mínima de 5%
para entrar no Parlamento. O líder da SPS, Boris Nemtsov, também reclamou: "A maioria pertencerá àqueles que defendem
um Estado policial, que reprimem
as liberdades civis, que combatem
a independência do Judiciário".
Com agências internacionais
Próximo Texto: Análise: Vitória retumbante pode ser amarga para Putin Índice
|