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Constituintes da Bolívia antecipam sessão
Assembléia iniciou na noite de ontem, sob protesto da oposição, votação da Carta na cidade de Oruro, reduto de Morales
Governo convocou reunião
dos assembleístas na
madrugada de ontem;
parlamentares começaram
a votar artigo por artigo
FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A ORURO (BOLÍVIA)
A mesa diretora da Assembléia Constituinte da Bolívia,
numa decisão tomada na madrugada de sexta para sábado,
convocou para Oruro o que pode ser a última sessão sobre a
Carta, que se reuniu pela primeira vez em agosto de 2006.
"Antes que o galo cante, vamos ter uma nova Constituição", disse Marco Carrillo,
constituinte e porta-voz do
partido governista MAS (Movimento ao Socialismo), pouco
antes das 19 h de ontem (21h no
horário de Brasília), quando os
membros do MAS e aliados pequenos iniciaram a sessão da
Assembléia no centro de convenções da Universidade de
Oruro (extremo oeste de país, a
cerca de 230 km de La Paz).
Depois da questionada aprovação de seu texto geral, no último dia 24 de novembro, na cidade de Sucre, em meio a confrontos de manifestantes pró e
contra o governo, os governistas do Parlamento boliviano
modificaram o regulamento da
Assembléia para permitir que
ela fosse convocada em qualquer lugar do país.
A primeira escolha do MAS
havia sido uma localidade do
Chapare, zona cocaleira, bastião político de Morales. Diante
das críticas de analistas e da
oposição, esta argumentando
que a sessão no Chapare colocaria os constituintes sob a
pressão dos "machetes" dos
plantadores de coca e das quadrilhas de traficantes que operam na região, recuaram e escolheram Oruro.
Tumulto
Nessa segunda votação, os
constituintes pretendiam
aprovar um por um todos os
408 artigos da Carta e, em seguida, fazer a revisão definitiva
do texto. As primeiras horas da
sessão transcorreram tumultuadas. Os 153 parlamentares
presentes -sendo só nove da
oposição- haviam dado início
à leitura dos artigos, que eram
aprovados por aclamação, e vários pedidos de palavra haviam
sido negados, sob protestos.
Por volta das 20h locais, um
grupo de deputados do partido
oposicionista Podemos entrou
na sala da sessão, sem se registar, gritando que a reunião era
ilegal. Eles solicitaram, sem
que lhes dessem ouvidos, que a
votação fosse adiada até amanhã, para que todos os constituintes de seu partido pudessem chegar a Oruro e tomar
parte na Assembléia. A situação
foi logo contornada.
Os constituintes desistiram
do método sumário: retomaram leitura de toda a Carta, para posterior debate e votação.
Sem a aprovação por aclamação, alguns parlamentares se
dispersaram.
O departamento (Estado) de
Oruro, cuja capital tem mesmo
nome, é uma das três divisões
administrativas comandadas
pelo partido governista, e a influência do MAS se fazia sentir
nos arredores do prédio.
Os assembleístas entravam
no centro de convenções sobre
aplausos, entre eles constituintes indígenas, que davam entrevista em espanhol e quéchua. Diferentemente do que
acontecia em Sucre, o presidente do Comitê Cívico do departamento, Marcelo Chávez,
afirmou que os movimentos sociais da região garantiriam a
paz da sessão.
"Montamos fiscalização nos
quatro pontos de entrada da cidade, para garantir que pessoas
que venham desestabilizar não
cheguem aqui", disse Chávez.
Alguns grupos de mineiros
apoiadores do governo, vindos
de Huanuni, a maior mina de
estanho da Bolívia, a 45 km de
distância, explodiram dinamites, do lado de fora do centro,
para celebrar a reunião da
Constituinte. Rádios locais divulgavam a informação de que
o presidente Evo Morales também compareceria.
Com agências internacionais
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