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UE inclui energia e clima entre ameaças à segurança do bloco
Temas se somam a terrorismo e armas de destruição em massa na nova versão da Estratégia Européia de Segurança, que aposta em "renovar o multilateralismo"
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
A dependência de fontes externas de energia e as mudanças climáticas entraram para a
lista de ameaças à segurança da
União Européia. Na nova versão da Estratégia Européia de
Segurança (EES), que será assinada na próxima sexta-feira, na
cúpula de Bruxelas, esses temas estão ao lado de antigos desafios, como o terrorismo.
O documento reforça a aposta européia em uma nova era de
multilateralismo, em que as
Nações Unidas estejam no centro das decisões mundiais. "Temos um momento único para
renovar o multilateralismo,
trabalhando com os Estados
Unidos e nossos aliados ao redor do mundo", observa o texto, no que pode ser interpretado como uma referência à chegada ao poder nos EUA de Barack Obama, que já deu sinais
de que pretende revalorizar os
fóruns internacionais.
O documento da UE é a primeira revisão da estratégia lançada em 2003. Ela ganhará hoje
os últimos retoques em uma
reunião de ministros do exterior dos 27 membros da UE, na
capital belga, antes da assinatura dos chefes de Estado. A Folha obteve uma cópia do texto,
que revela a aspiração dos europeus de ter mais iniciativa
nas questões mundiais:
"O mundo muda rapidamente em torno de nós, as ameaças
evoluem, e o poder sofre oscilações. Para construir uma Europa mais segura em um mundo
melhor, precisamos fazer mais
para influenciar os eventos. E
devemos fazê-lo já".
Além de repetir as ameaças
que preocupavam a Europa em
2003, como terrorismo, proliferação de armas de destruição
em massa e crime organizado, o
texto chama atenção para três
novos desafios: a cibersegurança, a segurança energética e as
mudanças climáticas.
"Não houve necessidade de
elaborar uma nova estratégia,
pois a de 2003 continua atual",
disse à Folha Cristina Gallach,
porta-voz do representante de
assuntos exteriores e segurança da UE. "Mas a revisão põe o
foco nos novos desafios."
Rússia
O aumento das preocupações
com a dependência energética
é um deles. Em 2030, 75% do
petróleo e gás que a UE consome serão importados. Esses recursos virão de "um número limitado de países, muitos dos
quais enfrentam ameaças a sua
estabilidade".
A Rússia, da qual a UE importa quase metade do gás e 30%
do petróleo que consome, é citada em um contexto de deterioração das relações políticas
ocorrida após o conflito na
Geórgia, mas também no da dependência energética. O texto
sugere a busca de rotas alternativas para o gás que chega à Europa, como a Turquia.
Um problema antigo se agravou nos últimos anos, o da proliferação de armas de destruição em massa. Embora a Líbia
tenha desativado seu programa
de armas não convencionais,
diz o documento, o Irã e a Coréia do Norte "ainda não conquistaram a confiança da comunidade internacional".
Sobre o Irã, a advertência é
direta: "O programa nuclear
iraniano avançou de maneira
considerável, representando
um perigo sobre a estabilidade
da região e para o conjunto do
sistema de não-proliferação".
As mudanças climáticas e
suas repercussões para a segurança ganharam urgência
maior, tornando-se um "multiplicador de ameaças". As catástrofes naturais e a competição
por recursos exacerbam os
conflitos e levam ao aumento
da migração.
O Brasil tem uma breve menção, entre os países que cresceram de importância para a UE
desde 2003, ao lado de Suíça,
Noruega e África do Sul.
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