|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Albright rechaça pedido de Jobim sobre Cuba
Brasil pede que EUA revejam embargo a Havana
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
O ministro da Defesa, Nelson
Jobim, levou a Washington na
semana passada um recado do
governo brasileiro para integrantes da equipe do presidente eleito, Barack Obama: a melhora das relações dos Estados
Unidos com a América do Sul
passa pela revisão da prisão na
base de Guantánamo e pelo fim
do embargo contra Cuba.
"Fui muito claro nas minhas
conversas com eles e disse que
a imagem dos EUA na região é
muito ruim, muito ruim mesmo, e para começar a reverter
isso eles têm que rever Guantánamo e as relações com Cuba",
relatou Jobim ontem à Folha.
Ele se encontrou na semana
passada com o atual e futuro
secretário da Defesa, Robert
Gates, com o general James Jones, escolhido por Obama como assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, e com a
ex-secretária de Estado Madeleine Albright, que aconselhou
o democrata durante a campanha e tem relação próxima com
membros de sua equipe de política externa.
Com Gates, Jobim disse que
fustigou: "Depois desses anos
todos de embargo a Cuba, o que
vocês conseguiram? Só duas
coisas: um país muito pobre e
um povo muito orgulhoso". O
secretário não disse "sim" nem
"não" à reabertura.
Já Albright reagiu às ponderações do ministro brasileiro
declarando: "Eles [os cubanos]
têm que fazer o primeiro gesto". Ao que Jobim, segundo relato dele próprio, contra-argumentou: "Quem tem que fazer
o primeiro gesto são os grandes
e os que decidiram o embargo,
ou seja, os EUA".
Assessores de Obama já declararam que ele deve suspender algumas restrições contra
Cuba, como o veto a viagens e
remessas de dinheiro à ilha a
partir dos EUA, mas não o embargo vigente desde 1962.
O interesse norte-americano
mais imediato e mais concreto
no Brasil é o projeto F-X, para
renovar a frota de aviões de caça da FAB (Força Aérea Brasileira). Mas Jobim disse que essas conversas não evoluíram,
pois a troca de governo não está se refletindo numa flexibilização considerada fundamental pela Defesa brasileira: a
transferência de tecnologia.
A disputa afunilou para três
aviões: o F-18 da Boeing, dos
EUA, o Rafale, da Dassault,
francesa, e o Grippen NG, da
Saab, sueca. Além de ter discutido a questão em Washington,
ontem o ministro falou sobre
isso em Brasília com o ministro
da Defesa da França, Hervé
Morin, que prepara a vinda ao
país do presidente francês, Nicolas Sarkozy, nos dias 22 e 23.
"Isso [a decisão sobre os caças] ainda vai demorar muito",
disse o ministro. A "aliança estratégica" Brasil-França inclui,
ainda, a compra de helicópteros e acordos bilaterais para a
construção desse tipo de aeronave em fábricas brasileiras.
Texto Anterior: Réus por 11/9 querem admitir culpa em Corte Próximo Texto: Coro: Caribe também cobra de Casa Branca fim de medidas restritivas Índice
|