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EUA cobram indenizações da Venezuela
Porta-voz fala em "obrigações contratuais" com empresas que Chávez quer reestatizar, duas delas com sócios americanos
Bolsa de Caracas cai 18,66% e ações da telefônica Cantv caem 30,2%; empresas dos EUA e pequeno investidor são maiores prejudicados
DA REDAÇÃO
O governo americano cobrou
da Venezuela que respeite os
contratos e indenize as empresas afetadas por seu plano de
reestatização. A resposta dos
Estados Unidos ao plano anunciado pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez, de nacionalizar uma empresa telefônica e
uma distribuidora de energia,
ambas com sócios americanos,
veio por quatro fontes do primeiro escalão de Washington.
Outra reação foi a forte queda da Bolsa de Valores de Caracas, de 18,66%, e a desvalorização das ações das empresas que
estão na mira de Chávez. No
mercado paralelo, o bolívar,
moeda local, desabou.
O porta-voz da Casa Branca,
Tony Snow, disse que "as nacionalizações têm uma longa e
pouca gloriosa história pelo
mundo". "Apoiamos o povo venezuelano, hoje é um dia triste
para eles", afirmou. Além de cobrar respeito aos contratos, o
porta-voz do Departamento de
Estado, Sean McCormack, chamou as nacionalizações de
"propostas desgastadas".
O secretário (ministro) de
Energia dos EUA, Samuel Bodman, falou que os contratos deveriam ser "invioláveis". "Se
companhias americanas forem
afetadas, esperamos que elas
sejam compensadas de modo
imediato e justo", disse o porta-voz do Conselho de Segurança
Nacional da Casa Branca, Gordon Johndroe.
Os anúncios dos planos estatizantes foram feitos na segunda-feira, durante a posse dos
ministros que acompanharão
Chávez em seu segundo mandato, que vai até 2013.
Chávez toma posse hoje,
quando prometeu dar mais detalhes sobre as novas medidas.
Ele citou que pretende estatizar a Companhia Anônima de
Telefones da Venezuela
(Cantv), maior empresa de telefonia fixa e maior servidor de
internet do país. Pelo seu discurso, deduziu-se que também
a empresa Electricidad de Caracas deve ser reestatizada.
Empresas afetadas
Os investidores americanos
na Venezuela são os maiores
afetados com os anúncios.
Criada em 1930 como uma
empresa privada e nacionalizada em 1951, a Cantv foi privatizada novamente em 1991.
Metade de suas ações foram
vendidas pela bolsa de valores.
A Cantv tem 10 mil acionistas
na Bolsa de Caracas e outros
3.000 na Bolsa de Nova York. A
americana Verizon ficou com
28,5% das ações, e a espanhola
Telefónica, com 6,9%.
No ano passado, a Verizon
negociou a venda de sua participação na Cantv para a empresa América Móvil, do magnata
mexicano Carlos Slim, dono da
Embratel e da Claro. A venda
aguardava a aprovação das autoridades venezuelanas.
Com o anúncio de segunda-feira, as ações da Cantv caíram
30,2% na Bolsa de Nova York -
o valor da empresa perdeu US$
770 milhões. Para "proteger os
pequenos investidores", a Comissão Nacional de Valores da
Venezuela tirou as ações da
Cantv e da Electricidad de Caracas do mercado.
Esta última foi comprada em
2000 pelo grupo americano
AES (que é proprietário da Eletropaulo, no Brasil), por US$
1,6 bilhão. Na época, Chávez recebeu bem a compra pelos
americanos, que impediram
que a empresa ficasse com a
"oligarquia" venezuelana. As
ações da empresa caíram 20%
até sua retirada do pregão.
O bolívar se desvalorizou em
20% ontem no mercado paralelo e ficou cotizado em 4.200 bolívares, 700 bolívares a mais
que na segunda-feira. A Venezuela tem um controle de câmbio desde fevereiro de 2003,
com uma cotação oficial em
2.120 bolívares por dólar.
Com agências internacionais
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