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Chávez vira símbolo de resistência em protestos de palestinos na Cisjordânia
DO ENVIADO A RAMALLAH
Ramallah, na Cisjordânia, viveu ontem um dia de protestos,
intenso policiamento e revolta
contra a ofensiva israelense na
faixa de Gaza. Seriam cenas rotineiras de uma cidade palestina, sobretudo em uma sexta-feira, quando o fim da principal
oração muçulmana da semana
costuma transformar as portas
das mesquitas e praças centrais
em palcos de manifestações políticas contra Israel.
Ontem, porém, havia um elemento novo na paisagem: Hugo
Chávez. O presidente venezuelano, que nesta semana ordenou a expulsão do embaixador
de Israel em Caracas em solidariedade à população de Gaza,
virou um dos heróis da manifestação que reuniu cerca de
3.000 pessoas na praça dos
Leões, a principal de Ramallah.
Cinco bandeiras da Venezuela tremulavam em meio às da
Palestina, enquanto um grande
retrato de Chávez era erguido
pela multidão. Duas manifestações foram marcadas para Ramallah ontem, uma pelo Hamas, e outra pelo Fatah. Mas os
simpatizantes dos dois grupos
palestinos antagônicos não
chegaram a se encontrar.
Um enorme contingente policial foi mobilizado pela Autoridade Nacional Palestina, controlada pelo partido laico Fatah, para evitar cenas mais explícitas de revolta, enquanto
várias equipes de televisões estrangeiras registravam a passeata. Desde que começaram os
ataques israelenses, membros
do Hamas e outros opositores
do Fatah têm reclamado da repressão da polícia aos protestos
na Cisjordânia.
Sem identificar-se com bandeiras do grupo, os simpatizantes do Hamas não conseguiram
chegar à praça dos Leões, sendo
barrados pela polícia. Mesmo
sem envergarem símbolos do
movimento fundamentalista,
vários deles foram presos.
A separação geográfica, com
o Fatah controlando a Cisjordânia, e o Hamas, a faixa de Gaza, é uma extensão do fosso
ideológico entre os dois grupos
palestinos. Mas há um nome
que une os dois campos: justamente Chávez.
"Ele é um grande presidente,
um grande homem", disse Mohamed Assad, enquanto segurava uma bandeira da Venezuela. "É um líder de verdade. Nem
no mundo árabe houve um presidente com a sua coragem."
(MN)
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