São Paulo, sábado, 10 de janeiro de 2009

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Chávez vira símbolo de resistência em protestos de palestinos na Cisjordânia

DO ENVIADO A RAMALLAH

Ramallah, na Cisjordânia, viveu ontem um dia de protestos, intenso policiamento e revolta contra a ofensiva israelense na faixa de Gaza. Seriam cenas rotineiras de uma cidade palestina, sobretudo em uma sexta-feira, quando o fim da principal oração muçulmana da semana costuma transformar as portas das mesquitas e praças centrais em palcos de manifestações políticas contra Israel.
Ontem, porém, havia um elemento novo na paisagem: Hugo Chávez. O presidente venezuelano, que nesta semana ordenou a expulsão do embaixador de Israel em Caracas em solidariedade à população de Gaza, virou um dos heróis da manifestação que reuniu cerca de 3.000 pessoas na praça dos Leões, a principal de Ramallah.
Cinco bandeiras da Venezuela tremulavam em meio às da Palestina, enquanto um grande retrato de Chávez era erguido pela multidão. Duas manifestações foram marcadas para Ramallah ontem, uma pelo Hamas, e outra pelo Fatah. Mas os simpatizantes dos dois grupos palestinos antagônicos não chegaram a se encontrar.
Um enorme contingente policial foi mobilizado pela Autoridade Nacional Palestina, controlada pelo partido laico Fatah, para evitar cenas mais explícitas de revolta, enquanto várias equipes de televisões estrangeiras registravam a passeata. Desde que começaram os ataques israelenses, membros do Hamas e outros opositores do Fatah têm reclamado da repressão da polícia aos protestos na Cisjordânia.
Sem identificar-se com bandeiras do grupo, os simpatizantes do Hamas não conseguiram chegar à praça dos Leões, sendo barrados pela polícia. Mesmo sem envergarem símbolos do movimento fundamentalista, vários deles foram presos.
A separação geográfica, com o Fatah controlando a Cisjordânia, e o Hamas, a faixa de Gaza, é uma extensão do fosso ideológico entre os dois grupos palestinos. Mas há um nome que une os dois campos: justamente Chávez.
"Ele é um grande presidente, um grande homem", disse Mohamed Assad, enquanto segurava uma bandeira da Venezuela. "É um líder de verdade. Nem no mundo árabe houve um presidente com a sua coragem." (MN)


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