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EUA justificam abstenção na ONU e defendem Israel
País surpreendeu Conselho de Segurança ao não aprovar resolução que avalizou
Para árabes, posição dos EUA tirou força de texto; Hamas manda enviados discutar proposta de cessar-fogo egípcia, emperrada
DA REDAÇÃO
A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, defendeu ontem a decisão de se
abster na votação do Conselho
de Segurança da ONU da resolução que pediu um cessar-fogo
imediato em Gaza. Ela disse estar preocupada com a situação
humanitária, mas culpou o Hamas, dizendo que é difícil para
Israel evitar vítimas civis.
"É muito difícil nas circunstâncias de Gaza, densamente
povoada. Também é uma área
em que o Hamas usa escudos
humanos e prédios não militares para esconder seus combatentes", disse Rice.
A decisão americana de se
abster frustrou os seus interlocutores árabes na redação do
texto -o qual, acreditam, ficou
enfraquecido. A posição só foi
definida momentos antes da
votação no Conselho de Segurança (CS), segundo fontes ouvidas por agências, após contatos com o presidente dos EUA,
George W. Bush, e o premiê de
Israel, Ehud Olmert.
O chanceler da Autoridade
Nacional Palestina, Riad Malki,
disse estar desapontado: "Esperávamos que todos os países
votassem a favor". Malki disse
temer que a não-aprovação pelos EUA fosse vista como autorização tácita para Israel continuar a atacar Gaza.
Malki acusou tanto Israel
quanto o Hamas de "total desrespeito à resolução" e disse
que os países árabes -que retiraram sua proposta em favor de
uma resolução conjunta- "vão
reagir". O secretário-geral da
ONU, Ban Ki-moon, ligou para
o premiê Ehud Olmert para expressar sua "decepção".
Ainda assim, a resolução foi
considerada uma vitória dos
países árabes considerados
"moderados" pelo Ocidente,
como Arábia Saudita, Egito e
Jordânia. Seus governos sofrem pressões domésticas para
reagir aos ataques israelenses.
A União Europeia emitiu nota ontem exortando a um cessar-fogo, e os chanceleres de
Espanha e Alemanha anunciaram giro por Israel, Egito e territórios palestinos -e Síria, no
caso espanhol. A Otan anunciou visita de seu secretário-geral, Jaap de Hoop Scheffer, a Israel a partir de hoje.
No front diplomático paralelo à ONU, o plano proposto por
Cairo para um cessar-fogo, as
negociações esbarraram em
discordâncias entre Israel e o
Egito sobre o monitoramento
da fronteira deste com Gaza,
disseram ontem diplomatas.
De acordo com eles, o Egito
rejeita tropas internacionais no
seu território, mas aceitaria
mais recursos para localizar os
túneis pelos quais o Hamas obtém suprimentos de armas. O
monitoramento é a principal
reivindicação feita por Israel.
Segundo o israelense "Haaretz", o que emperra também
um acordo é a pressão síria, articulada com o Irã, para que o
Hamas rejeite a proposta, considerada vaga por Damasco. O
grupo islâmico não oficializou
posição sobre o texto e anunciou ontem o envio de três
emissários ao Cairo.
O plano egípcio prevê uma
trégua imediata nos ataques israelenses e nos disparos de foguetes para negociar um cessar-fogo permanente. Propõe
ainda a repressão à entrada de
armas em Gaza, o fim do bloqueio israelense e a reaproximação entre o Hamas e o rival
secular Fatah.
Com agências internacionais e "Financial Times"
Leia perguntas e
respostas sobre a crise em
Gaza
www.folha.com.br/090092
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