DE CARACAS

Após forte resistência, o Itamaraty desistiu de um controvertido projeto de reassentar dentro da Bolívia centenas de famílias de brasileiros que vivem na zona de 50 km da faixa de fronteira daquele país, o que é proibido pela Constituição local. A proposta agora é trazê-las para o Estado do Acre, numa iniciativa sem precedentes na história brasileira.
O projeto inicial, orçado em pelo menos R$ 20 milhões, previa que os brasileiros fossem levados a áreas mais remotas da Amazônia boliviana. O temor do Itamaraty era o de que esses brasileiros, em geral pequenos agricultores pobres, fossem expulsos pela Bolívia, gerando um grave incidente diplomático. Desde 2006, quando assumiu a Presidência, Evo Morales vem pressionando pela saída dos brasileiros.
Os brasileiros, no entanto, rechaçaram o projeto, alegando que não queriam viver longe do Brasil e que as novas áreas seriam muito isoladas. Além disso, não confiam em Morales. Um levantamento do próprio Itamaraty no ano passado mostrou que, de cerca de 560 famílias, apenas cinco queriam ser realocadas na Bolívia -o restante prefere voltar ao Brasil.
Uma primeira reunião entre o Itamaraty e os brasileiros da faixa de fronteira foi realizada em 1º de outubro, na cidade de Plácido de Castro (AC), para explicar as opções de reassentamento. Ainda não há um cronograma estabelecido para o retorno das famílias, que serão reassentadas com a ajuda do Incra. (FM)


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