São Paulo, domingo, 10 de janeiro de 2010

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Após oscilar, popularidade do democrata volta a subir

EDWARD LUCE
DO "FINANCIAL TIMES"

Nos EUA, o terrorismo em geral beneficia o Partido Republicano. Mas a despeito da enxurrada de ataques contra Barack Obama, que incluíram as já tradicionais críticas do ex-vice presidente Dick Cheney, a popularidade do presidente melhorou ligeiramente desde o atentado frustrado do Natal.
Alguns dos partidários de Obama reconhecem que ele se equivocou na resposta inicial, ao descrever o nigeriano aspirante a terrorista suicida como "um extremista isolado".
Sentindo uma oportunidade, os republicanos acusaram o presidente de desatenção às suas responsabilidades.
Em discurso na noite de quinta para falar sobre terrorismo, Obama inverteu sua posição. Descreveu Umar Farouk Abdulmutallab como "terrorista conhecido" e criticou o setor de inteligência por "falha em ligar pontos" e prever o ataque.
Mas as críticas à condução de Obama no episódio, com o qual ele lidou em larga medida do Havaí, onde estava de férias, não parecem ter afetado sua popularidade. Pela pesquisa Gallup mais recente, sua aprovação é de 52%, após ter caído abaixo dos 50% em momentos de novembro e dezembro.
Enquanto isso, os números mais recentes sobre a ansiedade do público, obtidos antes da tentativa de atentado em Detroit, demonstram que só 3% dos americanos consideram o terrorismo como a maior preocupação. O tema era o 11º na lista de preocupações do público, atrás do emprego, saúde, educação e o deficit no Orçamento.
"Cruzamos uma linha com o furacão Katrina, em 2005, depois do que o público passou a encarar com cinismo os alertas de terrorismo de Washington, se preocupando com outras coisas", disse Michael Lind, analista da centrista New America Foundation. "A menos que aconteçam novos atentados, o público continuará preocupado com a economia nos meses que antecedem as eleições legislativas [de novembro]".
Ainda que o terrorismo agora ocupe posição baixa na lista de preocupações, uma grande parte dos americanos rejeita a decisão de julgar Khalid Sheikh Mohammed, o organizador dos atentados do 11 de Setembro, em um tribunal civil, e não militar. E as pesquisas devem demonstrar resposta semelhante diante da decisão de Obama de conferir direitos legais civis a Abdulmutallab.
Além disso, uma importante parcela da população se opõe à diluída decisão de Obama de fechar a prisão de Guantánamo, em Cuba. Nada disso, no entanto, parece ter afetado a popularidade pessoal do presidente.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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