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Obama lança megaofensiva salva-pacote
Com primeira entrevista coletiva e mobilização popular, presidente pressiona Congresso a aprovar plano de estímulo econômico
Para desemperrar proposta no Legislativo, democrata defende gastos e diz que só o governo tem os recursos para ressuscitar economia
Jim Watson/France Presse
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Obama cumprimenta a plateia em Elkhart, Indiana, onde desemprego triplicou em um ano; presidente quer maior pressão das ruas
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Com sua primeira entrevista
coletiva no cargo e um tour destinado a mobilizar a base popular que o elegeu, o presidente
Barack Obama lançou ontem
uma megaofensiva para pressionar o Congresso dos EUA a
aprovar seu pacote de estímulo
à combalida economia do país.
Após semanas de discussão
do plano que injetará na economia pouco mais de US$ 800 bilhões -e ante acusações dos republicanos de que parte do dinheiro será desperdiçada-,
Obama usou a maior parte do
encontro de uma hora com a
imprensa ontem para enfatizar
a necessidade de o governo fazer grandes gastos e investimentos para criar quatro milhões de empregos.
"Minha medida inicial de sucesso [do pacote] será criar
quatro milhões de empregos",
disse ele, listando as quatro aferições de se se governo deu certo. "O resumo é: me apresentem uma lei que crie ou mantenha quatro milhões de empregos, e eu a assinarei."
Os outros três, segundo o democrata, são mercados de crédito operando efetivamente,
mercado imobiliário regularizado e o fim das demissões e a
volta do crescimento da economia. "Essa será, para mim, a
maior medida de sucesso."
Obama criticaria duramente
os opositores do plano, dando a
entender que se referia principalmente a seu ex-rival na corrida presidencial, John
McCain, que lidera a oposição
ao pacote no Senado. Repetiria
também uma frase usada por
seu antecessor, George W.
Bush, quando do estouro da crise -"a festa acabou".
"Se tudo o que fazemos é gastar e não criar coisas, então
com o tempo os países vão se
cansar de nos emprestar dinheiro e no final a festa vai acabar", disse Obama, para emendar: "Bem, na verdade, a festa já
acabou."
Mais adiante, usaria uma frase atribuída ao economista liberal Milton Friedman -"não
existe almoço grátis"- ao falar
da necessidade de maior regulação do setor financeiro: "Uma
vez que a economia se estabilizar e as pessoas perderem o
medo, então vamos ter de começar a pensar em como operar mais prudentemente, porque não existe almoço grátis".
Dizendo diversas vezes que
seu governo havia herdado o
atual déficit de US$ 1 trilhão e
acusando os bancos de serem
culpados pela crise ao terem assumido "riscos exorbitantemente selvagens", ele exortou o
Congresso a agir rápido e superar diferenças partidárias.
A Câmara já passou uma versão do pacote de US$ 819 bilhões, e o Senado deve votar hoje sua própria versão, de US$
838 bilhões -ambas menores
do que a proposta inicial do governo, acima de US$ 900 bilhões. Se aprovadas, as duas terão de ser conciliadas posteriormente.
Tour
Mais cedo, no melhor estilo
populista adotado na corrida à
Casa Branca, Obama saíra às
ruas para reativar a pressão de
seu eleitorado pela aprovação
do pacote. Fez isso recorrendo
à retórica de candidato e depois
de seu partido ter sugerido que
correligionários realizassem
eventos para "discutir o plano".
Em Elkhart, cidade de Indiana que viu o índice de desemprego saltar de 4,7% em dezembro de 2007 para 15,3% em dezembro último, o maior do país,
o presidente previu novo "desastre" caso o plano não passe.
Ele ainda escorraçou "os que
têm cinco casa"" -provável alusão a McCain-, ouviu coros de
"Yes We Can" (sim, nós podemos, seu lema de campanha) e
até prometeu beber cerveja
com um comentarista conservador que o critica.
No meio de tudo, passou a
mensagem: "Vocês não nos
mandaram a Washington porque esperavam mais do mesmo. Vocês nos mandaram com
um mandato por mudança e a
expectativa de que nós agiríamos rápida e corajosamente".
Hoje, Obama segue a escalada de pressão política em evento similar em Fort Myers, na
Flórida -e onde será apresentado pelo governador republicano Charlie Crist, o que serve
à retórica bipartidária que a Casa Branca tenta emprestar a um
plano que passou na Câmara
dos Representantes (deputados) sem um voto da oposição.
A presença do governador na
verdade representa pouco em
termos de bipartidarismo, mas
serve para aumentar a torcida
de braço no Congresso. É do interesse dos governadores de
ambos os partidos majoritários
que o pacote seja aprovado,
pois todos penam para fechar
suas contas públicas e veem a
parte de ajuda aos Estados diminuir a cada nova negociação.
Na quinta-feira, Obama vai a
Springfield e Peoria, ambas no
Estado que é seu berço político,
Illinois. O democrata espera receber uma versão conciliada do
plano de ambas as Casas do
Congresso para assinar nesta
sexta-feira, antes do fim de semana prolongado pelo feriado
do Dia do Presidente.
A semana populista tem escoro no desemprego recorde,
que bate em 7,8%, e no índice
de popularidade do presidente.
Em pesquisa feita nos dias 6 e
7 e divulgada ontem pelo Gallup, 76% dos ouvidos aprovam
o presidente. O resultado chega
na terceira semana de mandato
e mesmo depois de problemas
com imposto de renda atingirem três indicados a seu ministério, levando dois a desistirem.
NA INTERNET - Leia a íntegra da
entrevista (em inglês) em
www.whitehouse.gov/briefing_room/
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