São Paulo, terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

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Especialista vê descrença dos palestinos

SAMY ADGHIRNI
DA REPORTAGEM LOCAL

Para os palestinos, pouco importa quem ganhar a eleição de Israel, disse à Folha Nadia Hijab, analista do Instituto de Estudos Palestinos de Washington. "Não há nenhuma esperança de mudança de tratamento por parte de Israel, independentemente de quem for eleito. Teoricamente, os trabalhistas são mais moderados e o Kadima é um partido de centro. Mas, para os palestinos, os recentes ataques contra Gaza são dignos da mais extremista direita", afirma.
Na avaliação da analista, nenhum governo israelense mostrou-se verdadeiramente comprometido com a paz.
"A ferocidade dos ataques contra Gaza reflete o comportamento padrão do Estado de Israel desde a sua criação, começando com a expulsão de milhares de palestinos em 1948, passando pelas invasões do Líbano e chegando aos dias de hoje."
De acordo com ela, os grandes partidos israelenses compartilham do objetivo estratégico de minar as instituições palestinas. "O cenário atual lembra o de 2002, quando Israel invadiu a Cisjordânia supostamente para se proteger de atentados suicidas [da Segunda Intifada] e acabou destruindo as forças de segurança, os ministérios etc. Tudo muito parecido com o que aconteceu em Gaza", disse.
Segundo ela, a descrença dos palestinos alimenta o ceticismo em relação à solução de dois Estados, que vem norteando as conversas de paz no Oriente Médio desde os Acordos de Oslo, de 1993.
"Muitos palestinos hoje pedem um Estado binacional [árabe e judeu] no qual todos os cidadãos tenham os mesmo direitos. A ideia se fortalece por causa da expansão incessante dos assentamentos judaicos na Cisjordânia e do fracasso do processo de paz que busca dois Estados."
Embora defenda um Estado binacional, ela não vê perspectiva de mudança nas negociações, já que nem o novo governo americano nem os israelenses apoiam a ideia. "Barack Obama deve seguir buscando dois Estados. Mas talvez seja tarde demais para essa solução", diz.


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