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GUERRA SEM LIMITES
Governo pediu ao Pentágono plano para produção de armas menores e seu uso contra ao menos 7 países
EUA revisam política nuclear, diz jornal
DA REDAÇÃO
O governo de George W. Bush
pediu ao Departamento da Defesa
que prepare planos de contingência para o uso de armas nucleares
contra pelo menos sete países e
que produza armas nucleares menores para uso em certas situações de batalha, disse ontem o
"Los Angeles Times", citando relatório secreto do Pentágono.
Os países citados no relatório
secreto -enviado ao Congresso
em 8 de janeiro- são China, Rússia, Iraque, Coréia do Norte, Irã,
Líbia e Síria, disso o jornal. Irã,
Iraque e Coréia do Norte foram
chamados de "eixo do mal" por
Bush este ano por causa de sua
produção de armas de destruição
em massa e apoio a grupos terroristas. De acordo com o jornal, as
três contingências citadas como
passíveis de uso das armas foram:
"contra alvos capazes de resistir a
ataques não nucleares; em retaliação a um ataque nuclear, biológico ou químico; no caso de desenvolvimentos militares imprevistos".
"O relatório diz que o Pentágono deve estar preparado para o
uso de armas nucleares no conflito árabe-israelense, numa guerra
entre China e Taiwan ou num ataque da Coréia do Norte contra a
Coréia do Sul. Elas podem se tornar necessárias também num ataque do Iraque contra Israel ou um
país vizinho", disse o jornal.
"Funcionários do governo já reconheceram há muito tempo que
têm planos detalhados para um
ataque contra a Rússia. Mas, essa
chamada "Revisão da Postura Nuclear" aparentemente marca a primeira vez que uma lista oficial de
países-alvo veio a público", afirmaram analistas ao jornal.
"Isso é dinamite", disse Joseph
Cirincione, especialista em armas
nucleares do Fundo Carnegie pela
Paz Internacional, em Washington. "Eu já posso imaginar o que
esses países vão começar a falar
pelos corredores da ONU", disse
Cirincione ao jornal.
Defensores do controle de armas disseram ao "Los Angeles Times" que a orientação do relatório de desenvolver armas nucleares menores pode sinalizar que a
administração Bush está mais disposta a deixar de lado o antigo tabu contra o uso dessas armas a
não ser como último recurso.
"Eles estão tentando desesperadamente encontrar novos usos
para as armas nucleares, quando
elas deveriam servir apenas como
intimidação", disse ao jornal John
Isaacs, presidente do Conselho
para um Mundo Habitável. "Essa
conversa é muito, muito perigosa", afirmou.
Já analistas conservadores afirmaram que o Pentágono deve estar preparado para todas as possibilidades, já que outros países e alguns grupos terroristas buscam
desenvolver armas mais potentes.
Segundo esses analistas, armas
nucleares menores têm maior força de intimidação contra países
que Washington chama de "delinquentes" e grupos terroristas,
que podem trabalhar com a hipótese de que os EUA não usariam
armas atômicas de alto poder.
Jack Spencer, analista de defesa
do Fundação Heritage, disse ao
jornal que o conteúdo do relatório, assinado pelo secretário da
Defesa, Donald Rumsfeld, não o
surpreendeu e representa "a maneira correta de desenvolver uma
posição nuclear para um mundo
pós-Guerra Fria".
O "Times" disse que uma cópia
do relatório foi obtida pelo analista de defesa e colaborador do jornal William Arkin. Um porta-voz
do Pentágono não quis comentar
a reportagem, afirmando que o
relatório era confidencial.
O Congresso requisitou uma revisão da posição dos EUA em relação ao uso de armas nucleares
em setembro de 2000. A última
revisão havia sido feita em 1994,
pelo governo Clinton. O relatório
de Rumsfeld agora está sendo
usado pelo Comando Estratégico
dos EUA para preparar um novo
plano de guerra nuclear.
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