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PRÓXIMOS PASSOS
Americanos expandem guerra ao terror
País envia tropas e equipamento militar a regiões com atuação de grupos terroristas islâmicos
MICHAEL GORDON E JAMES DAO
DO "THE NEW YORK TIMES"
O presidente dos EUA, George
W. Bush, aprovou no início do
mês planos de mandar tropas e
equipamentos para o Iêmen, com
o objetivo de ajudar a treinar o
Exército local em táticas de luta
contra o terrorismo.
O Iêmen foi o último parceiro a
aderir à campanha internacional
antiterror que vai se expandindo
para além do Afeganistão. Essa
expansão vai na direção do golfo
Pérsico, das Filipinas, da Geórgia
e, provavelmente, da Indonésia,
país de maior população muçulmana no mundo.
Enquanto isso, os democratas
vão ficando inquietos com as
ações militares, reclamando que o
governo pede fundos ilimitados,
mas sem mostrar um mapa claro
do caminho que o esforço militar
de proporções globais tomará.
O governo rejeita as acusações,
dizendo que elas não levam em
consideração o tamanho das operações da Al Qaeda e a necessidade de combater a rede de terror no
mundo todo.
Enquanto Washington vem se
envolvendo em especulações
crescentes sobre uma grande
campanha contra o Iraque, a
campanha militar global em curso parece estar se expandindo a
cada semana.
Mas essas operações são feitas
de modo bem diferente de um
eventual ataque direto ao Iraque.
Envolvem treino militar dado por
forças especiais dos EUA e doação
de armas e equipamentos para os
países que lutam para acabar com
insurgentes islâmicos com possíveis ligações com a Al Qaeda.
Forças especiais têm tido um
papel preponderante no Afeganistão, onde elas direcionam os
ataques aéreos e, algumas vezes,
lutam ao lado de tropas afegãs.
Na próxima etapa da guerra
contra o terrorismo, o papel dessas forças especiais estará mais limitado a treinamento e suprimento de material para os países
que pedirem assistência americana. As tropas dos EUA serão
orientadas inclusive a não se envolver nos combates, exceto em
casos de autodefesa.
As missões devem variar de país
a país. Na ex-República soviética
da Geórgia, por exemplo, os EUA
estão mandando cerca de 200 soldados e mais de US$ 50 milhões
em equipamentos para auxiliar o
frágil Exército georgiano, que tem
sido incapaz de estabelecer um
controle efetivo sobre o desfiladeiro de Pankisi, próximo à região rebelde russa da Tchetchênia. Estima-se que vários extremistas da Al Qaeda estejam se escondendo em Pankisi -e muitos
deles estariam lá há meses, antes
mesmo do início dos ataques
americanos ao Afeganistão.
Apesar disso, não há planos para que soldados dos EUA entrem
em combate direto na Geórgia.
Em Washington, militares de alta patente estão pressionando o
Congresso para que ele permita o
estabelecimento de relações "entre militares" com a Indonésia.
A Argélia já pediu aos EUA que
fornecessem equipamentos para
visão noturna e outros acessórios
para o combate a terroristas.
Das novas operações, a das Filipinas, ex-protetorado americano,
é a mais ambiciosa. Cerca de 600
soldados americanos -incluindo 160 de tropas de elite- já estão
no país, treinando e aconselhando as tropas locais que tentam
cercar o grupo separatista islâmico Abu Sayyaf.
Há muito o Pentágono vê o Iêmen como um centro de apoio a
Osama bin Laden -o pai dele
nasceu lá. E o Iêmen também foi
palco do atentado terrorista ao
destróier USS Cole, que matou 17
marinheiros americanos em 2000.
Em algumas partes da fronteira
com a Arábia Saudita, as bem armadas milícias tribais são mais
fortes do que o próprio Exército
iemenita. Segundo o general John
Rosa, vice-diretor de Operações
do Estado-Maior dos EUA, é possível que alguns dos líderes da Al
Qaeda tenham voltado para essa
região após a queda do Taleban.
Tradução de Rodrigo Uchôa
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