São Paulo, quarta-feira, 10 de março de 2004

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EUA

Estudo mostra que mortes por obesidade cresceram quase quatro vezes mais rápido que as ligadas ao fumo nos anos 1990

Obesidade pode matar mais que o fumo

DA REDAÇÃO

Se nenhuma medida for tomada, a obesidade deve se tornar rapidamente a principal causa evitável de morte nos EUA, superando o fumo. Um relatório divulgado ontem pelo CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças, pela sigla em inglês) mostra que, na última década, as mortes por obesidade aumentaram num ritmo quase quatro vezes maior do que as causadas pelo fumo.
Como o fumo, a obesidade e o sedentarismo ampliam os riscos das três maiores causas de morte no país: doenças cardíacas, câncer e problemas vasculares no cérebro (como derrames), além de favorecer a diabetes, a sexta principal causa de morte nos EUA.
Com 64% de sua população acima do peso, os EUA assistem a um drástico aumento nas mortes ligadas a obesidade. Em 2000 (último dado disponível), problemas provocados pela equação obesidade mais sedentarismo responderam por 16,6% (400 mil) das mortes registradas no país, enquanto os males ligados ao fumo mataram 435 mil americanos, o equivalente a 18,1% dos 2,4 milhões de mortes naquele ano. Dez anos antes, o fumo provocara a morte de 400 mil pessoas (19%) e a obesidade, de 300 mil (14%).
A definição de obesidade é ter um índice de massa corpórea equivalente ou superior a 30 -para calculá-lo, é preciso dividir o peso do indivíduo pelo quadrado de sua altura. Normalmente, isso significa estar 15 (para uma mulher) ou 20 (para um homem) quilos acima do peso ideal. Nos EUA, 59 milhões de pessoas, quase um terço da população adulta, estão nessa situação.
"Nossos piores temores estão se concretizando. Se a tendência se mantiver, [a obesidade] vai superar o fumo [como causa evitável de morte]", disse a autora do estudo e diretora do CDC, Julie Gerberding. "Faremos o possível para evitar que isso aconteça. A obesidade tem de ser a nossa prioridade entre as doenças crônicas."

Gastos
O problema traz também conseqüências econômicas, como mostrou outro estudo divulgado ontem, pela Rand Corporation (um grupo privado de pesquisa). Mantida a tendência, em 2020 os EUA gastarão 21% de seu orçamento para a Saúde destinado à faixa etária dos 50 aos 69 anos com o tratamento de males relacionados ao excesso de peso.
O valor representa o dobro do que é gasto com esses tratamentos hoje, o que pode ter implicações em todo o sistema de saúde americano.
"Os americanos precisam entender que o excesso de peso e a obesidade estão literalmente nos matando", disse o secretário de Saúde e Serviços Humanos do governo, Tommy Thompson, em um comunicado. "Saber que os maus hábitos alimentares estão quase superando o fumo como a principal causa evitável de morte nos EUA deveria motivar todos os americanos a fazerem algo para proteger sua própria saúde. Temos de tratar a questão do peso com a mesma agressividade com que tratamos a do fumo."


Com agências internacionais

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