|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Segurança no Iraque ainda depende dos EUA
Mesmo fora das ruas e com data marcada para deixar país, americanos dão apoio logístico indispensável a forças iraquianas
Ofensivas contra insurgentes não podem ser lançadas sem cobertura aérea dos EUA, já que país árabe não possui nenhum avião de combate
SAMY ADGHIRNI
ENVIADO ESPECIAL A BAGDÁ
O Iraque já cuida sozinho de
sua segurança e logo estará pacificado por inteiro, martelam
os governos americano e iraquiano. Eles minimizam os ataques que deixaram 38 mortos
no pleito parlamentar de domingo e alegam que não há razão para alterar planos de retirada dos EUA até 2011.
Nos bastidores sabe-se que
policiais, militares e espiões do
Iraque ainda dependem de
Washington para quase tudo.
Mas o discurso e as aparências
são coordenados com cuidado
para mostrar o contrário.
Afinal, o presidente Barack
Obama foi eleito prometendo
repatriar os militares americanos no Iraque. E Bagdá busca
convencer a população de que o
país é soberano, algo vital para
se contrapor à retórica insurgente anti-imperialista.
Nas ruas da capital não há
mais rastro dos soldados e veículos americanos. Os postos de
controle e patrulhas só têm
funcionários iraquianos.
Americanos não apareceram
nem nos preparativos para a
eleição, orquestrados em meio
a reiteradas ameaças de ataques devastadores.
No interior do país ainda se
veem militares dos EUA em
operações de campo, mas em
pequenos grupos e quase sempre acompanhados por iraquianos. Ninguém quer dar a impressão de violar o acordo pelo
qual os americanos desde junho só podem sair de suas bases para operações logísticas ou
a pedido do governo iraquiano.
A queda da violência registrada no Iraque desde 2007 é
em grande parte fruto de esforços americanos -mais soldados no campo de batalha e dólares para cooptar milícias. Mas a
Casa Branca prefere deixar
Bagdá declarar-se responsável
pela melhora na segurança.
O comandante dos EUA no
Iraque, Ray Odierno, disse que
a eleição evidenciou o bom preparo das forças iraquianas e
anunciou a manutenção do
cronograma de retirada.
Autoridades de Bagdá querem recuperar logo a plena soberania militar e policial, embora haja dúvidas sobre sua capacidade em assumir a missão.
Sete anos após a invasão
americana, forças iraquianas
conquistaram autonomia para
montar ofensivas contra insurgentes, mas dificilmente o fazem sem pedir aos EUA cobertura aérea. O Iraque pós-Saddam Hussein não possui nem
sequer um avião de combate.
O Exército iraquiano tem um
contingente bem armado e
equipado, mas carece de organização logística e material. A
manutenção da nova frota de
blindados é feita pelos EUA.
O sistema mais eficiente para
detectar lançamentos de morteiros e movimentação de insurgentes é a vigilância aérea
feita por americanos.
Na Academia de Polícia de
Bagdá, há cada vez mais professores iraquianos, mas as aulas
ainda acontecem sob monitoramento de americanos, que
podem inclusive demitir instrutores locais.
Texto Anterior: ONU critica "ciclo de violência" na Nigéria Próximo Texto: Iraquianas Índice
|