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CAPITAL INVADIDA
Militares dizem ser cedo para proclamar vitória, apesar de a maior parte de Bagdá estar tomada
Para EUA, guerra ainda não acabou
DA REDAÇÃO
Em aparente sinal de cautela, o
governo dos EUA sustentou ontem que é "muito cedo" para dar
por concluída a batalha por Bagdá, a capital iraquiana, e "que restam dias duros de combates".
"O regime recebeu um duro
golpe, mas as forças da coalizão
não vão parar sua investida militar até que tenham terminado o
trabalho", disse o secretário da
Defesa, Donald Rumsfeld.
Rumsfeld se referia ao avanço
das tropas americanas pelo centro
da capital, no início da tarde de
ontem (hora local), e a derrubada,
transmitida pelas TVs, de uma estátua de Saddam Hussein, na praça Al Firdus (do paraíso, em árabe) que simbolizaram a queda do
regime de 24 anos do ditador.
O colapso do regime de Saddam
ocorreu no 21º dia da campanha
militar deflagrada pelos EUA,
com apoio do Reino Unido. A
despeito de não contarem com
aval da ONU, os norte-americanos foram à guerra, acusando o
Iraque de manter armas de destruição em massa (químicas e
biológicas), de ter um programa
de desenvolvimento de armas nucleares e mísseis balísticos e, por
fim, de manter vínculos com a rede terrorista Al Qaeda. Sob a ótica
da chamada Doutrina Bush (de
guerra total ao terror), o Iraque
representava um perigo para os
EUA e seus aliados.
Mohammed al Douri, embaixador iraquiano na ONU, foi primeiro representante do regime de
Saddam a admitir a derrota. Usou
um trocadilho, "fim de jogo", para descrever o resultado militar.
O controle de Bagdá ainda não
era completo, segundo admitiam
porta-vozes da coalizão, a despeito de os principais prédios governamentais e toda a região central
da capital já estarem ocupados
pelas forças americanas. De acordo com a agência de notícias Reuters, disparos de artilharia eram
ouvidos na margem oeste do rio
Tigre após o anoitecer em Bagdá.
Ao longo do dia, marines enfrentaram combatentes iraquianos que ocupavam um prédio ao
lado do Ministério do Interior.
Os enfrentamentos mais duros
aconteceram na Universidade de
Bagdá, que ocupa uma área ao sul
do centro. Agências de notícias
informaram que os marines foram alvos de disparos de lançadores de granadas quando se aproximaram dos muros que circundam o campus. Enquanto os norte-americanos tentavam instalar
postos de controle, em diferentes
pontos da cidade ressonavam disparos de artilharia.
Em um distrito, franco-atiradores dispararam contra centenas
de iraquianos que supostamente
celebravam a entrada americana.
Pelo menos seis pessoas morreram, segundo a Associated Press.
Marines tomaram uma das sedes da polícia secreta de Saddam.
Quando os americanos chegaram, o prédio, na parte leste da cidade, estava sendo saqueado, prática rotineira desde anteontem.
No norte de Bagdá, também
ocorreram combates com milicianos fiéis ao regime. Ao tentar assumir o controle de uma importante intersecção, um comboio
militar dos EUA recebeu disparos
com lançadores de granada. Um
soldado americano ficou ferido.
O Comitê Internacional da Cruz
Vermelha suspendeu seus trabalhos em Bagdá, sob o argumento
de que a situação na capital "é
caótica e imprevisível". Três de
seus membros foram mortos: o
primeiro, um canadense, teria sido atingido quando seu veículo
trafegava em uma área de combate. Os outros teriam sido mortos
por americanos, que abriram fogo contra uma ambulância, supostamente por acreditarem que
esta carregava explosivos. Dois
membros do grupo Médicos Sem
Fronteiras estão desaparecidos.
No sul do país, tropas da coalizão invadiram a cidade de Amarah, próxima a Basra. Parte dos
combatentes iraquianos, segundo
os EUA, já havia abandonado
suas armas. No norte, houve ataques contra posições iraquianas
em Tikrit, cidade-natal de Saddam, Mossul e Kirkuk.
Com agências internacionais
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