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São Paulo, quinta-feira, 10 de abril de 2003

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CAPITAL INVADIDA

Militares dizem ser cedo para proclamar vitória, apesar de a maior parte de Bagdá estar tomada

Para EUA, guerra ainda não acabou

DA REDAÇÃO

Em aparente sinal de cautela, o governo dos EUA sustentou ontem que é "muito cedo" para dar por concluída a batalha por Bagdá, a capital iraquiana, e "que restam dias duros de combates".
"O regime recebeu um duro golpe, mas as forças da coalizão não vão parar sua investida militar até que tenham terminado o trabalho", disse o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld.
Rumsfeld se referia ao avanço das tropas americanas pelo centro da capital, no início da tarde de ontem (hora local), e a derrubada, transmitida pelas TVs, de uma estátua de Saddam Hussein, na praça Al Firdus (do paraíso, em árabe) que simbolizaram a queda do regime de 24 anos do ditador.
O colapso do regime de Saddam ocorreu no 21º dia da campanha militar deflagrada pelos EUA, com apoio do Reino Unido. A despeito de não contarem com aval da ONU, os norte-americanos foram à guerra, acusando o Iraque de manter armas de destruição em massa (químicas e biológicas), de ter um programa de desenvolvimento de armas nucleares e mísseis balísticos e, por fim, de manter vínculos com a rede terrorista Al Qaeda. Sob a ótica da chamada Doutrina Bush (de guerra total ao terror), o Iraque representava um perigo para os EUA e seus aliados.
Mohammed al Douri, embaixador iraquiano na ONU, foi primeiro representante do regime de Saddam a admitir a derrota. Usou um trocadilho, "fim de jogo", para descrever o resultado militar.
O controle de Bagdá ainda não era completo, segundo admitiam porta-vozes da coalizão, a despeito de os principais prédios governamentais e toda a região central da capital já estarem ocupados pelas forças americanas. De acordo com a agência de notícias Reuters, disparos de artilharia eram ouvidos na margem oeste do rio Tigre após o anoitecer em Bagdá.
Ao longo do dia, marines enfrentaram combatentes iraquianos que ocupavam um prédio ao lado do Ministério do Interior.
Os enfrentamentos mais duros aconteceram na Universidade de Bagdá, que ocupa uma área ao sul do centro. Agências de notícias informaram que os marines foram alvos de disparos de lançadores de granadas quando se aproximaram dos muros que circundam o campus. Enquanto os norte-americanos tentavam instalar postos de controle, em diferentes pontos da cidade ressonavam disparos de artilharia.
Em um distrito, franco-atiradores dispararam contra centenas de iraquianos que supostamente celebravam a entrada americana. Pelo menos seis pessoas morreram, segundo a Associated Press.
Marines tomaram uma das sedes da polícia secreta de Saddam. Quando os americanos chegaram, o prédio, na parte leste da cidade, estava sendo saqueado, prática rotineira desde anteontem.
No norte de Bagdá, também ocorreram combates com milicianos fiéis ao regime. Ao tentar assumir o controle de uma importante intersecção, um comboio militar dos EUA recebeu disparos com lançadores de granada. Um soldado americano ficou ferido.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha suspendeu seus trabalhos em Bagdá, sob o argumento de que a situação na capital "é caótica e imprevisível". Três de seus membros foram mortos: o primeiro, um canadense, teria sido atingido quando seu veículo trafegava em uma área de combate. Os outros teriam sido mortos por americanos, que abriram fogo contra uma ambulância, supostamente por acreditarem que esta carregava explosivos. Dois membros do grupo Médicos Sem Fronteiras estão desaparecidos.
No sul do país, tropas da coalizão invadiram a cidade de Amarah, próxima a Basra. Parte dos combatentes iraquianos, segundo os EUA, já havia abandonado suas armas. No norte, houve ataques contra posições iraquianas em Tikrit, cidade-natal de Saddam, Mossul e Kirkuk.


Com agências internacionais


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